Economia

Petrobras anuncia reajuste de 18,7% e gasolina pode chegar a R$ 9 no Ceará

O aumento de 18,7% será aplicado sobre o litro da gasolina comum. Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

O consumidor cearense deverá ter uma surpresa nada agradável nesta sexta-feira (11/03). O preço da gasolina deve chegar aos postos a R$ 9 e o do diesel a R$ 6,50, após nova tabela de preços aplicada pela Petrobras para as distribuidoras. O reajuste foi anunciado nesta quinta-feira, 10, após quase dois meses de valores congelados nas refinarias. O aumento de 18,7% será aplicado sobre o litro da gasolina comum, e de R$ 24,9% sobre o óleo diesel. Além disso, também foi ajustado o preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha, que sairá de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilograma vendido às distribuidoras.

Para Antônio José Costa, assessor de economia do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará (Sindipostos-CE), é errado especular o preço dos combustíveis. “Não dá para prever a que preço deve chegar. Primeiro que o preço está sendo impactado por uma guerra, e segundo, o mercado é livre e é quem determina a quanto chegará. Temos que ter calma para avaliar que estamos em um cenário de guerra”, disse.

Na visão do assessor, a Petrobras está tentando equilibrar a situação. “A empresa está andando no fio da navalha para equilibrar a vontade do povo, do acionista, que não quer perder dinheiro, e do mercado de commoditie, que oscila o tempo inteiro. É preciso ter tranquilidade para saber quanto será o valor e quem se sentir afetado pelo preço deve se adaptar e procurar rodar menos de carro”, ressaltou.

Ainda de acordo com o assessor econômico do Sindicato, “o impacto não deve ser sentido de forma tão intensa pelo consumidor da gasolina, mas sim do diesel. Quem sente tem que se adaptar, pois a culpa não é do governo, nem do posto de combustível e nem da distribuidora, e sim da guerra”.

O fato é que com os novos valores, o preço médio da gasolina da estatal para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, avanço de 18,8%. Já o óleo diesel passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%.

O novo aumento é um impacto direto da guerra da Rússia contra a Ucrânia. Em razão do conflito, o preço do barril de petróleo tipo brent, referência ao mercado, disparou, superando os US$ 110 e chegando ao maior patamar desde 2014.

Mercado internacional

Desde 2016, a Petrobras adota uma política de preços orientada pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio. Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro, com foco na campanha à reeleição, indicou que esta não deve seguir como política da estatal. Nessa quarta-feira (09), o Senado adiou, pela terceira vez, a votação de dois projetos com o objetivo de conter a alta de preços dos combustíveis.

Na avaliação do consultor na área de combustíveis e energia e presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima e dos Operadores Portuários do Estado do Ceará (Sindace), Bruno Iughetti, o aumento veio em patamares inesperados e vai refletir em gêneros alimentícios e no transporte. “Principalmente, vai afetar diretamente os fretes, além dos insumos que dependem dos combustíveis. A Petrobras demorou 57 dias para fazer o reajuste e agora teve que efetivar o aumento de uma única vez e nesse nível. É claro que vai afetar diretamente o bolso do consumidor, uma vez que o preço que entra em vigor amanhã já será repassado. Quem pagará a conta será o consumidor. Esperamos que haja impacto em todos os eixos de cadeia produtiva em decorrência do reajuste”, disse.

Ainda segundo Iughetti, não estão descartados novos aumentos nas próximas semanas, caso o conflito no leste europeu persista. “Com certeza novos aumentos virão, pois não há expectativa de estabilização do preço do petróleo que deve continuar aumentando”.

O economista Fran Bezerra, membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), disse que o aumento será sentido direto no bolso do consumidor final. “Não podemos esquecer que a política de preços da Petrobras acompanha o mercado internacional desde 2016. Agora, por contra do conflito entre Rússia e Ucrânia, ambos grandes produtores, teremos ainda mais volatilidade. Por uma série de razões, o dólar, no mercado brasileiro vem caindo, então, seria interessante que a estatal explicasse como fez esse cálculo, na medida em que o preço do petróleo está incentivando o aumento do combustível, mas, por outro lado, a queda da cotação da moeda vai no sentido contrário. A sociedade precisa conhecer como se deu esse processo”.

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