Economia

Turismo regional deve ser o foco do Ceará em 2021

Restrições de viagens impostas pela pandemia comprometem a vinda de turistas internacionais. Hotéis se reinventam e oferecem novos produtos e serviços para continuar encantando os hóspedes

Giuliano Villa Nova

economia@ootimista.com.br

Por muito tempo, as praias do Ceará foram uma das favoritas para o turista internacional. Esse viajante vinha de outros países e continentes, especialmente o europeu, para aproveitar as nossas belezas naturais, com sol e calor por quase 365 dias por ano.
No entanto, devido às consequências e restrições impostas pela pandemia desde o ano passado, esse perfil de visitante mudou: agora, quem está procurando Fortaleza e as cidades do litoral cearense para descanso ou lazer são moradores de cidades do interior ou de localidades das Regiões Norte ou Nordeste.
Essa mudança no segmento de turismo e hotelaria está entre as tendências apontadas pelo relatório do Instituto Mastercard de Economia. Segundo o estudo, o turismo e a hotelaria internacionais devem levar anos para recuperar o patamar pré-pandemia. A tendência é pelas viagens locais e nacionais. No entanto, há uma demanda reprimida significativa de créditos e milhas de viagens acumulados que poderá resultar em remarcações de voos e viagens ao longo de 2021.
“Existe um crescimento representativo do turismo de lazer. Apesar de estarmos longe dos números de janeiro do ano passado, mas neste mês já houve uma reação em relação aos meses anteriores. O turismo de negócios deve demorar mais para retomar o ritmo, mas a demanda reprimida do turismo de lazer deve dar uma aquecida neste ano, principalmente no segundo semestre”, projeta a empresária Ivana Bezerra, presidente do Visite Ceará – Fortaleza Convention & Visitors Bureau.
Na visão de Ivana Bezerra, o turismo internacional deve levar algum tempo para trazer resultados para a economia cearense. “Por mais que tenha saído a vacina contra a covid-19, mas para que ela atinja a população em geral, vai levar bastante tempo. Nossa aposta é investir no turismo regional”, explica a empresária.
Essa é a mesma percepção dos especialistas que compuseram o relatório do Instituto Mastercard. A projeção para o turismo, em todo o mundo, é que os viajantes prefiram destinos locais, o que pode causar perdas significativas nas economias de regiões como a América do Sul, a América Central e o Caribe, que têm boa parte do PIB sustentados pela cadeia turística.
“O impacto do turismo para a economia é muito significativo, são 53 segmentos envolvidos direta e indiretamente pelo turismo. A partir do momento que o movimento turístico fica reduzido, todos são afetados, desde o taxista até o vendedor de coco na praia, até mesmo os grandes shoppings, hotéis, bares e restaurantes”, enumera Ivana Bezerra.

Novos atrativos
Diante das incertezas, a palavra de ordem no setor turístico é reinventar-se. Nesse movimento, há uma boa oferta de novos produtos e serviços. “Os hotéis que trabalhavam muito forte o turismo de negócios estão procurando investir mais na questão do lazer, trazendo atrações e entretenimento dentro dos próprios hotéis, para que as pessoas que vêm a lazer possam usufruir, com espaços para criança, por exemplo. Já outros hotéis estão oferecendo atrações culturais”, descreve Ivana Bezerra.
“O Visite Ceará está com a campanha ‘Ceará pode chegar’, na qual os hotéis associados oferecem promoções, descontos e tarifas diferenciadas. Cada um está fazendo da sua maneira, para atrair mais clientes e encantar nossos hóspedes, como sempre fizemos”, observa a presidente do Visite Ceará – Fortaleza Convention & Visitors Bureau.

Consumidor será mais seletivo em 2021

Mais racional, menos emocional. Dessa forma pode ser descrito o consumidor pós-pandemia. De acordo com o estudo do Instituto Mastercard de Economia, o consumidor – que já enfrenta restrições a certos hábitos, como viajar e se alimentar fora de casa – terá de lidar, em 2021, com questões como as incertezas provocadas pela pandemia e a alta da inflação na hora de investir seu dinheiro. “A pandemia gerou em uma parte dos consumidores uma diferenciação no ato de comprar. Ele passa a ter mais seletividade nos produtos e como estes chegam até seu consumo”, observa Ricardo Coimbra.
De acordo com o relatório do Instituto Mastercard de Economia, como os consumidores ficaram mais tempo em casa ao longo do ano passado, reformas e melhorias nas residências estiveram em alta, aquecendo o setor de móveis e materiais de construção – tendência que deve permanecer em 2021, a depender das restrições de mobilidade impostas pela pandemia.
Na visão dos especialistas, os clientes, cada vez mais atentos às questões ambientais, vão continuar exigindo boas práticas das empresas, o que pode ajudar a frear as compras por impulso. “O mundo todo está mais preocupado com a questão de ‘isso é útil ou não?’, muito influenciado pelo discurso da sustentabilidade”, analisa o economista Paulo Roberto Kuhn.

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