Economia

PIB cresce 7,5% no terceiro trimestre, aponta Monitor da Fundação Getulio Vargas

Índice projeta que o país deve fechar o ano entre 4% e 5% de queda no PIB. Especialistas observam que o mercado ainda precisa de mais aquecimento para recuperar os níveis registrados antes da pandemia

Giuliano Villa Nova

economia@ootimista.com.br

(Agência Brasil)

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O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país no terceiro trimestre mostra uma evolução consistente da recuperação da economia, depois da retomada das atividades após o período mais severo da pandemia. A análise é do economista Lauro Chaves Neto, conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
A notícia de que o PIB nacional aumentou em 7,5% no terceiro trimestre, segundo o Monitor do PIB divulgado ontem (19) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), traz boas perspectivas para os próximos meses. “Se pegarmos o PIB de agosto para setembro, houve um aumento de 1,1% o que aponta na mesma direção. As cadeias produtivas estão sendo reestruturadas e retomando as atividades”, analisa.

Mais aquecimento
No entanto, Lauro Chaves observa que o mercado ainda precisa de mais aquecimento para recuperar os níveis registrados antes da pandemia. “Ainda temos uma atividade do terceiro trimestre quase 5% inferior ao terceiro trimestre de 2019, e isso mostra que devemos fechar o ano entre 4% e 5% de queda no PIB, que é considerável, porém inferior às previsões pessimistas feitas em maio e junho, de que a diminuição seria de até 10%”, projeta.
Entre os setores que mais contribuem para a atividade econômica do país, o desempenho foi destoante. Enquanto a indústria deve alta de 13,4%, os serviços fecharam o trimestre em 5,5%. “A indústria está retomando suas atividades de forma mais acelerada do que os serviços, porque quando o comércio começa a vender, faz encomendas às indústrias e isso vem antes do resultado final do comércio”, explica o economista.
“Já o setor de serviços está tendo um desempenho inferior em razão da restruturação das cadeias. Um exemplo é o caso do Ceará, que tem no turismo um dos eixos da economia, e no qual os segmentos de eventos, promoções, entretenimentos e refeições fora de casa ainda estão tendo um desempenho muito fraco”, analisa o conselheiro do Cofecon. De acordo com a FGV, outros dados relevantes do crescimento da economia foram, sob a ótica da demanda, as altas de 9,9% no consumo das famílias e de 16,5% na formação bruta de capital fixo (investimentos). O consumo do governo cresceu 0,5%. Já as exportações e importações tiveram quedas de 0,6% e de 8,8%, respectivamente. A agropecuária também recuou, em 0,3%.
O consumo das famílias recuou 5,1%, enquanto a formação bruta de capital fixo (investimento) caiu 2,2%. “Para recuperar a formação bruta de capital fixo, precisamos melhorar a expectativa dos empresários em relação ao futuro, porque só acreditando na recuperação dos seus negócios eles vão acelerar a taxa de investimento”, analisa Lauro Chaves Neto.

Recuperação`
A julgar pelo desempenho da economia no terceiro trimestre, Lauro Chaves Neto faz boas projeções para o final do ano. “O quarto trimestre de 2020 deverá apontar uma estabilidade no crescimento, em relação a 2019. O país deve fechar em baixa, de 4% a 5% do PIB, porém em relação ao terceiro trimestre de 2020, o quarto trimestre deverá vir com algum ganho, superior a 1% ou 2%”, explica o economia. “Porém, o mais importante é que a expectativa para 2021 é que o país saia da recessão, provocada pela pandemia, e que tenha um comportamento do PIB superior a 2,5% no próximo ano”, completa.

Crescimento ainda não é suficiente para recuperar nível pré pandemia

Segundo Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV, “o forte crescimento de 7,5% da economia brasileira no 3º trimestre, reverte, em parte, a forte retração de 9,7% registrada no 2º trimestre deste ano, em função da chegada da pandemia de Covid-19 ao Brasil, a partir de março”.
No entanto, destaca, “este crescimento não é suficiente para recuperar o nível de atividade econômica que ainda se encontra 5% abaixo do observado no 4º trimestre do ano passado”, afirma o coordenador do estudo.
De acordo com ele, apesar da recuperação das atividades econômicas, o setor de serviços ainda apresenta grande resistência à recuperação com grande influência das atividades de administração pública e de outros serviços.
“Mesmo com a flexibilização das medidas de isolamento e pequena melhora marginal dos setores de alojamento, alimentação, serviços prestados às famílias, educação e saúde, o crescimento observado ainda é muito pouco em comparação à deterioração causada pela pandemia, observada nestes segmentos”. (com agências)

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