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Pandemia e congelamento de óvulos

Por Raquel Mattos

Durante a pandemia muitos casais tiveram que adiar os planos de ter um filho(a) por conta dos riscos de contaminação. Só que para algumas mulheres a espera pode ser um problema, já que o número de óvulos cai drasticamente com o avanço da idade. Ou seja, o tempo é o principal vilão. Embora as chances de engravidar após os 40 anos sejam menores, dados do Ministério da Saúde afirmam que o número de gestações nesta faixa etária subiu 49,5% em 20 anos (1998-2017) no Brasil. Mesmo assim, se os planos são, por algum motivo, adiar a gravidez, o recomendável é usar como estratégia os avanços da medicina reprodutiva, como o congelamento de óvulos, por exemplo.

O procedimento permite uma programação mais assertiva da futura gestação, enquanto a reserva ovariana e a qualidade das células reprodutivas estão boas. Muitas mulheres têm dúvidas sobre o processo de coleta de óvulos. De maneira simples e resumida, a técnica consiste em congelar os óvulos mantendo a sua qualidade para o procedimento de reprodução. O ideal é realizar o congelamento até os 35 anos, pois essa faixa etária é importante quando o assunto é fertilidade da mulher. A partir dessa idade, a reserva ovariana começa a diminuir gradativamente e os óvulos começam a apresentar perda de qualidade.

Outro ponto importante é que os óvulos congelados não têm prazo de validade, ou seja, eles podem ser congelados por tempo indeterminado e a utilização será feita no momento mais oportuno para a mulher ou casal. Porém, é recomendável que a fertilização aconteça antes dos 50 anos. A partir dos 40, a gravidez já é considerada de risco, mas os perigos podem ser reduzidos caso os óvulos tenham sido coletados quando jovem.

E, por fim, a coleta é feita sob sedação, um tipo de anestesia geral, mas sem a intubação. O efeito da anestesia dura cerca de 2 horas, tempo suficiente para realizar todo o processo necessário da coleta dos folículos ovarianos.

A maternidade nesta idade é um fenômeno relevante que não podemos ignorar. Atualmente, é possível contar com informações especializadas e com profissionais da área cada vez mais preparados para realizar esse processo, garantindo assim a gravidez tranquila.

Raquel Mattos é médica ginecologista e obstetra, especialista em Reprodução Humana

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