Economia

Maior consumo das famílias puxa alta do IPCA-15 para 0,81%

Em Fortaleza, a prévia regional foi de 0,66% – abaixo da 1,35% registrada em outubro. Nacionalmente, foi o maior aumento do índice para o mês desde 2015

Giuliano Villa Nova
economia@ootimista.com.br


O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) aumentou 0,81% no mês de novembro no país, após uma alta de 0,94% nos 30 dias anteriores. O índice, considerado uma prévia da inflação oficial, apresentou a maior variação para um mês de novembro desde 2015 – na época, houve alta de 0,85%.
Todas as 11 regiões do Brasil pesquisadas tiveram alta na prévia da inflação oficial. Em Fortaleza, porém, o índice regional do IPCA-15 sofreu redução mensal de 1,35% em outubro para 0,66% em novembro, com uma alta acumulada no ano de 4,49% e de 5,44% nos últimos 12 meses.
“A inflação em Fortaleza tem uma pressão muito grande, porque nós estamos em uma das regiões mais desiguais do Brasil. Tivemos um aumento da demanda por alimentos, em razão do auxílio emergencial, que fez a recomposição de renda de muitas famílias. Por um lado isso é salutar, porque uma parte da população estaria desassistida e conseguiu recompor sua alimentação. Porém, isso gera essa inflação de quase 5% ao ano”, explica o economista Lauro Chaves Neto, conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Em Fortaleza, com exceção dos grupos Transportes (-0,25%) e Saúde e cuidados pessoais (-0,14%), os demais grupos pesquisados tiveram alta na pesquisa do IPCA-15: Alimentação e bebidas, com aumento de 2,20%, Artigos de residência (1,52%), Habitação (0,08%), Vestuário (1,61%), Despesas Pessoais (0,40%), Comunicação (0,62%) e Educação (0,03%).

Inflação
No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 do país avançou 4,22%, acima dos 3,52% registrados nos 12 meses anteriores e acima da meta de inflação do ano do Banco Central, que é de 4%. Em 2020, o IPCA-15 acumula uma elevação de 3,13%. Para Lauro Chaves Neto, no entanto, os índices não são preocupantes. “O comportamento da inflação brasileira ainda não é um problema para as políticas públicas, porque está sob controle. Isso é esperado, diante de um ano atípico, em que houve mudanças muito bruscas na oferta e na demanda, e isso leva a mudanças no comportamento dos índices”, explica o economista. “Devemos ter uma tendência de queda na inflação a partir de 2021, desde que a pandemia seja controlada e venha a imunização, com as vacinas universalizadas por toda a sociedade”, projeta Lauro Chaves Neto.

Alimentação e bebidas apresentam alta de 12,12% no ano

Em novembro, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta, com atenção maior para Alimentação e bebidas, que subiu 2,16% e acumula alta de 12,12% neste ano.
Os preços dos alimentos para consumo em domicílio subiram 2,69% em novembro.

Itens básicos
A influência maior ocorreu pela alta de itens básicos, como batata-inglesa (33,37%), tomate (19,89%), óleo de soja (14,85%), arroz (8,29%) e carnes (4,89%).
“Esses grupos tiveram um comportamento maior de variação no preço porque grande parte das famílias de menor poder aquisitivo teve aumento no poder de compra com o auxílio emergencial. Antes da pandemia, já havia um desemprego de quase 12% da população economicamente ativa. Foram quase 70 milhões de brasileiros recebendo auxílio emergencial, e isso pesou significativamente na alta dos preços, principalmente da alimentação”, detalha Lauro Chaves Neto.

Formação
Para a formação do IPCA-15, a coleta de preços é feita entre a metade do mês anterior até a do mês em que ocorre a divulgação. O indicador refere-se às famílias com um rendimento mensal de 1 a 40 salários mínimos.

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