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Líder em aplicações no Brasil, Ceará inicia vacinação antipólio; especialistas comentam

Profissionais consultadas pelo O Otimista chamam atenção para a importância da imunização, sobretudo a necessidade da conclusão do esquema vacinal, como forma de impedir a reintrodução do poliovírus no Brasil, livre da doença desde 1989

Carolina Mesquita
panorama@ootimista.com.br

(Foto: Erasmo Salomão/Ministério da Saúde)

O Ceará inicia no próximo sábado (25) a campanha de vacinação contra a poliomielite, também chamada de paralisia infantil ou pólio. O esforço é direcionado a crianças menores de 5 anos. Em 2023, o Estado ocupou o primeiro lugar no ranking de cobertura vacinal entre as unidades federadas, conforme dados do Ministério da Saúde. Especialistas consultados pelo O Otimista lembram que o último caso de pólio registrado no Brasil data de 1989, graças à alta cobertura vacinal da população e, para que o cenário permaneça assim, é necessário buscar a imunização nos períodos de campanha.

A professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e diretora científica da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), Thereza Magalhães, explica que a poliomielite é uma doença aguda contagiosa causada por vírus intestinal, o poliovírus. Apesar de ser uma doença prevalente em menores de 4 anos, também ocorre em adultos. Segundo a especialista, os principais sintomas são náuseas, vômito, constipação, dor abdominal e diarreia. No entanto, em 1% dos casos pode ocorrer a forma paralítica da doença, com perda de força e reflexos musculares, insuficiência respiratória e capaz de levar ao óbito.

Negacionismo

A professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Gurgel, ressalta que a criação da vacina Salk e Sabin, nome científico da vacina da poliomielite, é uma conquista para uma geração inteira de pessoas, muitas das quais desacreditam o imunizante. Ela detalha que, até 2015, a cobertura vacinal, em geral, era excelente no Brasil, com percentuais de imunização acima de 95%. Entretanto, desde então, tem sido observada uma queda na procura por vacinas que tem refletido no aumento de casos de doenças como o sarampo. “Ainda bem, que quanto a polio, permanecemos sem registro. E agora em 2023 houve um aumento bastante expressivo de doses administradas, chegando a patamares de segurança coletiva frente à doença”, afirma.

A especialista também pontua que o vírus causador da poliomielite é adquirido por transmissão oral-fecal, de forma que locais sem saneamento básico elevam o risco de crianças ingerirem o vírus. Caroline ressalta, ainda, que a vacina estimula a produção de anticorpos específicos contra o poliovírus. Dessa forma, caso haja o contato com o agente viral, os anticorpos são acionados e conseguem debelar a infecção, impedindo a doença de se manifestar.

Esquema vacinal

Thereza Magalhães aponta que duas doses da vacina já reduzem em 80% as chances dos indivíduos contraírem pólio. No entanto, o esquema vacinal completo indicado é que as crianças menores de cinco anos tomem pelo menos três doses do imunizante, além dos reforços. Já Caroline Gurgel reitera que o calendário básico indica que a vacina deve ser administrada em crianças de 2, 4 e 6 meses, seguida de um reforço aos 15 meses e outro, aos 4 anos. “Uma dose não é o suficiente. O esquema completo é a forma estudada, pesquisada e eleita como melhor para ter a mais potente proteção”, destaca. Ambas as especialistas afirmam que a cobertura vacinal ideal é de 95% para que a população permaneça protegida e sem novos casos da doença.

A coordenadora de Imunização da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Ana Karine Borges, destaca que a vacinação é a única forma de prevenção da doença, e fundamental para impedir a reintrodução do poliovírus no Brasil. “A disponibilização do imunizante evitou o adoecimento e demais complicações em milhares de crianças, estabelecendo uma boa relação de custo e efetividade nas ações em saúde pública”, completa a gestora.

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