Colunista

Erivaldo Carvalho: Considerações sobre os rumos da aliança PDT-PT

O Palácio da Abolição, sede do Governo do Estado / Divulgação

Na última sexta-feira (8), abordamos aqui a possibilidade de rompimento entre PDT e PT no Ceará. Entre as provocações, mostramos que, embora barulhentos e altivos, os petistas e seu entorno estão muito bem acomodados e capilarizados na máquina do Governo do Estado, e que o divórcio político poderia representar um “limpa” em tabelas e mais tabelas de nomeados. O texto, por óbvio, provocou reações as mais diversas – em grupos e em manifestações privadas. Pincemos algumas destas, por considerá-las mais sinceras do que aquelas, expostas a plateias.

Um dos interlocutores apontou algo que já vinha sendo sinalizado aqui: “Há problemas, não exatamente com a cúpula do PT, mas com a militância, as bases do partido”, disse a fonte, prevendo efeitos ao longo da campanha eleitoral. Ou seja, mesmo o PT mantendo-se na aliança, dificilmente não haverá prejuízos. Os riscos vão desde o “corpo mole” na caça ao voto, dependendo do nome escolhido, ao fogo amigo, propriamente. O leitor deste espaço cita, ainda, voto nulo para governador. Este redator acrescentaria: ou mesmo voto
na oposição.

Numa outra linha, um experiente observador sugere colocar a bola no chão. “É preciso aterrissar desse devaneio e lembrar que teremos uma disputa dura e para isso, valerá competência executiva, capacidade de gestão, carisma, time e traquejo político”, afirma. O fato é que o desfecho da disputa pela chave do Palácio da Abolição depende de muitas variáveis, sendo a cisão – ou não -, entre PT e PDT a que desencadeará muitas outras.

No balanço da rede
É pacífica a avaliação de que a aceleração contemporânea e a internet deixaram a política muito mais intensa e precipitada. Décadas atrás, fatos políticos duravam semanas ou meses. Atualmente, desdobramentos têm validade de dias – ou de algumas horas. Isso, para o bem e para o mal, como se observa no atual impasse instalado na aliança estadual entre o PDT e o PT. Todos e cada um, com suas plataformas de divulgação imediata, para dezenas, às vezes, centenas de milhares de seguidores, é um canhão, apontado para adversários ou o próprio pé. Com as redes sociais e o fluxo de provocações correndo soltos, ficou muito mais difícil sugerir quem fale e quem escute – o princípio dos tais e mencionados diálogo e unidade.

Em 1º ou 2º turno?
Dependendo do desfecho da crise na base governista, que já se espalha por outros partidos aliados, poderemos ter, diferentemente do que se previa há algumas semanas, mais de dois palanques competitivos: o governista, propriamente, o da oposição e um terceiro, a ser montado com os dissidentes. O resultado pode ser a disputa acontecer em dois turnos – salve-se quem puder.

Listas bagunçadas
Havendo cisão na base governista ao Palácio da Abolição, não serão afetados somente os palanques majoritários. Como reflexo direto, as corridas à Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados – há quem cite o Senado – também serão atingidas. Listas com nomes considerados eleitos terão de ser refeitas. Se a corrida ao Executivo bagunçar, com a parlamentar não será diferente.

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