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Editorial O Otimista: O que tem valor incomensurável

75% dos profissionais brasileiros almejam mudar de emprego / Reprodução

Há que se ver com bons olhos a matéria que Economia traz nesta edição do O Otimista. De acordo com o texto assinado pela repórter Catharina Queiroz, 75% dos profissionais brasileiros almejam mudar de emprego. Segundo a pesquisa que embasa a reportagem, realizada pela plataforma corporativa Linkedin, um dos pilares para esta reposição de rota é a busca por “um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal”, seguida pela “confiança em habilidades para novos desafios”. Ambas as motivações só perdem para a “necessidade de salários mais altos”, líder no ranking, por razões óbvias e inquestionáveis.

É alvissareira a notícia que trabalhadores procurem por uma melhor relação entre o ofício que garanta sobrevivência e conforto e suas demandas cotidianas que não profissionais. Depois do fenômeno da geração “yuppie”, que marcou as décadas de 1980 e 1990, com sua ambição desmedida, materialismo exacerbado e onde o sucesso na carreira era o único leitmotiv considerado justificável, é um alento constatar que os valores são outros neste começo de século XXI.

Decerto que a experiência recente – e traumática – dos tempos pandêmicos tenha uma parcela de responsabilidade por esse novo olhar para o sucesso profissional. Tanto é que em outro item da pesquisa os entrevistados apontam o modelo híbrido ou remoto de expediente como o mais desejado. Certamente a suspensão da normalidade a que todos fomos submetidos compulsoriamente nesse período histórico nos proporcionou uma nova compreensão do que seja êxito, a um tempo em que redefiniu nossas prioridades.

Hoje, precisamos mais que nunca harmonizar o bem-estar pessoal, aspirando a sonhada qualidade de vida, não só com os compromissos profissionais como com o projeto de carreira que se tem. Nem que para isso seja necessário arriscar no incerto, no desconhecido, como indica o levantamento. A tal “zona de conforto” revelou-se não tão confortável assim quando o preço a ser pago envolve abrir mão de relações pessoais e do que tem valor incomensurável – e não contabilizável.

Não à toa, os pesquisados demonstram estar dispostos a encarar novos desafios nesta jornada. É sabido que os tempos de certezas monolíticas passaram e que é chegada a hora de acreditar, mais que nunca, nos potenciais de cada um. Celebremos, pois, que esta revolução já está em curso.

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