Economia

Brasil tem 77 comunidades ativas de startups, sendo quatro localizadas no Ceará

O estado divide com Bahia e Pernambuco a quantidade de negócios e integração entre startups no Nordeste. No ano passado, 12,7% das iniciativas faturaram entre R$ 50 mil a R$ 250 mil

Marta Bruno

martabruno@ootimista.com.br

(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Embora o ecossistema digital não se limite por fronteiras, a regionalização de startups é um dos importantes componentes para o desempenho dos negócios. Através de comunidades, o potencial empreendedor se fortalece por meio de um modelo de trabalho que prioriza a partilha e a colaboração. No Brasil, das 77 comunidades ativas e em diversos estágios de desenvolvimento, quatro ficam no Ceará. No Nordeste, Fortaleza divide com Recife e Bahia os polos de inovação no setor, sendo a terceira em número de iniciativas na região, segundo levantamento da Associação Brasileira de Startups (ABStartups).

Pelo Mapeamento de Comunidades Emergentes feito pela entidade no ano passado, referente ao Nordeste, 53,14% das 81 startups da capital cearense estão em fase de operação e 37,7% em tração, quando já se identifica maturidade no negócio e processo de desenvolvimento. A maioria (22,86%) faturou, no último ano, entre R$ 50 mil e R$ 250 mil. Entre as regiões, o Nordeste é a 3ª em número de startups e em número de comunidades mapeadas. Com 558 startups ativas atualmente, a maioria das comunidades se localiza na Bahia (20,5%), Pernambuco (16,1%) e Ceará (14,1%).

Em Fortaleza, o destaque se volta para o segmento edtech, tecnologia em educação, que abrange 15,15% das iniciativas. Exemplos como a Agenda Edu e Arco Educação puxam o segmento em um ambiente que naturalmente se destaca através dos indicadores públicos e privados na área. No ano passado, a Agenda Edu, que conecta escolas, famílias e alunos, foi considerada a melhor startup do Brasil no Startup Awards. Na mesma premiação, a cearense Rapadura Valley foi premiada como a comunidade revelação do ano. Em Fortaleza, segundo mapeamento da ABStartups, além de educação, os setores de saúde e finanças lideram os negócios. A maioria (66,8%), contudo, ainda não tinha faturamento no ano passado, enquanto 14,5% faturaram menos de R$ 50 mil e 12,7%, entre R$ 50 mil a R$ 250 mil. Outros 4% operaram R$ 250 mil a R$ 500 mil e apenas 1,7% ultrapassaram a barreira de mais de R$ 500 mil em faturamento.

Com a pandemia, os índices de atuação do setor devem crescer não só na região Nordeste, mas em todo o país, especial nos polos nacionais, que são São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina (Florianópolis). No país, em 2019, a ABStartups contabilizava 10.365 startups e 77 comunidades em diferentes estágios de desenvolvimento.

A passagem de um estágio para outro depende da integração local e inicial entre startups (estágio emergente), presença de cases de sucesso que criam um círculo virtuoso (ativação), injeção de recursos externos atraídos pelo desempenho e conectividade do grupo (integração) e maturidade para impactar o mercado (maduro). Nos últimos anos, o conceito de comunidade ganhou relevância dentro e fora das universidades, inclusive no sentindo de mobilizar a criação de políticas públicas para o setor.

Para o membro da Rapadura Valley, Marlos Távora, o Ceará está caminhando bem nesse processo, com mudança significativa nos últimos três anos. “Principalmente quando fala em acesso a capital, estamos começando a ter uma parte de aceleração, investimentos anjos. Isso só é maior no eixo Sul e Sudeste. É questão de maturidade do setor, podemos dizer que somos jovens. Mas estamos bem no caminho”, comemora.

Isso porque, com um ecossistema forte, as comunidades locais impulsionam o setor através da realização de eventos e formação de lideranças locais. No cenário de pandemia, o setor será discutido no maior evento de empreendedorismo da América Latina, o Case & Startup Summit 2K20, entre os dias 19 e 23 de outubro, com mais de 300 palestrantes de vários países e gratuitamente. Na ocasião, salas de negócios e networking serão espaço virtual para a construção de projetos, conexões e partilha de conhecimentos.

 

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