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BERNARDO JEREISSATI LEGEY: É sobre surpreender, encantar e engajar pessoas

Para o CEO da Jereissati Centros Comerciais (JCC), de cujo portfólio faz parte o Iguatemi Bosque, em Fortaleza, os shopping centers adaptaram-se, rapidamente, aos novos tempos e construíram um caminho próprio. O conceito, afirma, está no mix entre comodidade para compras, oferta de serviços diversificados e, principalmente, experiência do público

Executivo concedeu entrevista ao Grupo Otimista de Comunicação

Erivaldo Carvalho
opiniao@ootimista.com.br

Bernardo Jereissati Legey é graduado em administração de empresas, especializado em finanças e também pós-graduado em extensão executiva.

O entrevistado tem mais de 27 anos de atuação no conglomerado Calila Investimentos, um dos maiores grupos empresariais do Nordeste.

O executivo foi vice-presidente comercial e de marketing da Solar Coca-Cola e esteve à frente do desenvolvimento do landbank – do mesmo grupo –, entre outras funções.

Atualmente, Bernardo Legey é CEO da Jereissati Centros Comerciais (JCC), administradora dos shoppings Iguatemi Bosque, em Fortaleza; Bosque Grão Pará, em Belém; e Bosque dos Ipês, em Campo Grande (MS).

Em entrevista ao programa Destaques, na TV Otimista – conduzido pela jornalista Helaine Oliveira –, Bernardo analisa o novo conceito de shopping center e destaca a experiência do público como norteador do futuro desse modelo de negócio. Confira os melhores trechos:

O Otimista – Conte-nos sua jornada até chegar a CEO da Jereissati Centros Comerciais (JCC).
Bernardo Jereissati Legey – Comecei no Banco Real, fui auditor e cheguei à Coca-Cola. Iniciei como controller, em 1996. Saí como vice-presidente, em 2019. Circulei pelo marketing, planejamento, finanças e logística. Isso me deu muita bagagem. Trouxe esse dinamismo para a JCC.

O Otimista – Há convergência entre as marcas Coca-Cola e Iguatemi?
Bernardo – Coca-Cola e Iguatemi têm uma tradição: o amor à marca. Há engajamento emocional do consumidor e cliente. Ajuda bastante a sinergia entre o segmento de bebidas e o setor de shopping centers.

O Otimista – Por exemplo?
Bernardo – Aplicando-se o conceito de eficiência de produção de fábrica. Fazemos isso nos condomínios dos shopping centers. São cidades que a gente administra. Ali há vida 24 horas, apesar de abrir às 10h e fechar às 23h. Tem consumo de energia, água, zeladoria e manutenção, com planejamento, prevenção e consumo, sob critérios adotados pela indústria.

O Otimista – Quais as marcas deixadas pela pandemia?
Bernardo – Tivemos que nos reinventar. Delivery, atendimento via WhatsApp, drive-thru, venda de vouchers e marketplace foram algumas das estratégias. Adaptamo-nos ao novo normal. Quando reabrimos, fizemos uma série de parcerias com prefeituras e Estado, em relação à vacinação – inclusive em comunidades próximas ao shopping.

O Otimista – Em termos comerciais, qual foi a aprendizagem na retomada?
Bernardo – Ficamos ansiosos. Qual seria o comportamento do consumidor? Ele iria mais para o digital ou físico? Em que momento ele voltaria ao shopping? Em que velocidade? Como seria a ressocialização com amigos mais próximos?

O Otimista – Qual foi a conclusão?
Bernardo – Constatamos que há espaço para todos os canais de compra. O shopping tem um caminho que o diferencia em relação ao digital e e-commerce. Não adianta querer competir com uma Amazon ou um Mercado Livre. O shopping tem o papel dele, enquanto oportunidade de se criar experiências diferenciadas para o cliente.

O Otimista – Os shopping centers vivem um novo momento?
Bernardo – É um novo reposicionamento. Nos nossos equipamentos, por exemplo, temos uma proposta muito mais completa de conveniência. Estamos entre os mais modernos e atuais no Brasil. Somos inovadores.

O Otimista – E converge compra com serviços.
Bernardo – Isso. O cliente não vai ao shopping somente comprar uma bolsa. Ele compra a bolsa, mas pode tomar café, tirar documento, emitir passaporte, jogar beach tennis, ir para a academia, pista de skate, banco, supermercado… Há uma série de serviços, além de compras.

O Otimista – Como estão as vendas, em relação ao período pré-pandêmico?
Bernardo – Quando fechamos as operações, em 2020, calculamos três anos para voltar aos índices. Mas, em 2021, já estávamos batendo 2019. Já o fluxo demorou mais um pouco para voltar. As pessoas começaram a voltar para o shopping, mas de forma objetiva. Comprar e voltar para casa. Estavam receosas. Principalmente, as mais idosas. O ticket médio cresceu, mas o fluxo não acompanhou.

O Otimista – Foi o comportamento padrão nos três shoppings do portfólio da JCC?
Bernardo – Fortaleza começou a superar 2019 em 2023. Em Belém (PA), isso aconteceu já em 2022. Campo Grande (MS) ainda está abaixo de 2019 – deve voltar em 2024. São tempos diferentes de resposta. Isso tem a ver com a localização, entorno e perfil da população local.

O Otimista – Como está o projeto Iguatemi Hall, no contexto de reformas e expansões do Iguatemi Bosque?
Bernardo – Percebemos um grande desejo por uma nova edição do iMusic – ocorria a cada dois anos, com três dias de atrações. Daí surgiu a ideia de perenizar um evento musical, o ano todo, que se alinhasse com a vontade de nosso público. A receptividade está enorme. As vendas estão muito boas. A cada semana soltamos uma novidade. São muitos shows novos.

O Otimista – É um espaço de multieventos?
Bernardo – Sim. Estará disponível para feiras, exposições e eventos corporativos, entre outros modelos. Valorizamos comércio e serviços, olhando para a experiência do público. A pessoa não vai mais ao shopping apenas comprar. Ela vai vivenciar. É necessário um olhar especial. Até porque o cliente já sabe o que quer e quais os benefícios daquele produto específico.

Otimista – Isso significa que os shoppings também precisam conhecer melhor o cliente?
Bernardo – O cliente está mais exigente, mas os shoppings e o varejo, de forma geral, conhecem mais o cliente. Hoje, existem ferramentas que permitem pesquisar a frequência e ticket médio, por exemplo. E há o termômetro das mídias sociais. São formas de fazer leitura. Conseguimos capturar desejos. Essas aspirações indicam o que os clientes querem ver no shopping.

O Otimista – O que fazer diante de consumidores cada vez mais exigentes?
Bernardo – O consumidor entra no shopping com expectativa muito alta do nível que vai encontrar. Então, se oferecermos algo a mais do que ele está esperando, haverá o “efeito uaau!!”. Isso vai despertar engajamento emocional. É esse vínculo, que a JCC faz muito bem, que gera encantamentos. Isso marca a vida das pessoas.

O Otimista – Como está a agenda ESG nos Iguatemi Bosque?
Bernardo – No social, temos a Loja do Bem, uma parceria com mais de 400 artesãos locais do Ceará, para revender produtos, sem vantagem comercial para o shopping; no ambiental, há uma estação de tratamento de água, de onde irrigamos nossa jardinagem. Estamos reduzindo o consumo de energia e compramos no mercado livre, dando preferência às renováveis. Já na governança, a JCC adota práticas modernas de gestão. Temos comitês de auditoria e finanças, de pessoas, parte imobiliária e conselho consultivo, entre várias outras iniciativas.

O Otimista – Quais as novas operações para 2024?
Bernardo – Temos muitas negociações em andamento e estamos maturando tudo que trouxemos no ano passado. Foram 61 inaugurações – muitas delas no final do ano. Estão, praticamente, engatinhando.

O Otimista – Cite alguns desses cases.
Bernardo – A Bodytech (academia), por exemplo, é um sucesso. O (restaurante) Ninetto Trattoria, também; trouxemos a Animale (moda feminina) e a Luísa Barcelos (bolsas e sapatos); a (livraria) Leitura abriu uma mega store; lançamos o e-Club (relacionamento) e acabamos de inaugurar a Cachafaz (doces argentinos). Estamos trazendo um parque, uma outra operação de doces e uma novidade do vestuário feminino. Em breve comunicaremos oficialmente.

O Otimista – Como será o empreendimento imobiliário previsto para o entorno?
Bernardo – O projeto faz parte do modelo de shopping do futuro. Estamos pensando quais áreas podemos explorar, para se tornar mais atrativo para o cliente, complementando essa proposta de experiência.

O Otimista – Quais os diferenciais?
Bernardo – Uma das ideias são duas torres de 23 unidades, cada uma, em 6 mil metros quadrados de terreno, com vista para o Cocó. Terá ginásio coberto, quadra de tênis, piscina semiolímpica e rooftop. Será um empreendimento diferenciado para aquela área. As torres vão ficar na ponta do terreno onde está o Iguatemi Hall. Devemos lançar no final do ano, com início da construção previsto para 2026 e a entrega em 2029 ou 2030.

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