Economia

Ancoragem de cabo submarino entre Fortaleza e Portugal é concluída na Praia do Futuro

Lucas Braga

economia@ootimista.com.br

Maquinário pesado, embarcações próximas à costa e obras na faixa de areia puderam ser vistos pelos banhistas da Praia do Futuro na manhã de ontem (14). Isto porque já no início da manhã teve início a ancoragem do cabo submarino de fibra óptica em sistema de baixa latência que liga Fortaleza a Sines, em Portugal. Planejada há aproximadamente cinco anos, a obra agora segue para a penúltima fase antes da operação efetiva.

Após a ancoragem e cabos já conectados à landstation, prédio que também fica na Praia do Futuro, um navio cargueiro da Alcatel Submarine Networks, agora leva os carreteis e “distribui” os cabos ao longo do Oceano. Na faixa de areia o cabo foi enterrado. Com auxílio de arado especializado, o cabo vai ser enterrado de 1,5m a 1,5km de profundidade no mar.

Ao todo, os cabos somam aproximadamente 6 mil quilômetros de extensão. As atividades de instalação marítima a partir de Fortaleza vão se estender pelos próximos meses e devem ser concluídas até o fim do primeiro semestre de 2021. O mesmo processo acontecerá a partir de Sines e começa nas próximas semanas e, em seguida, a estrutura vai experienciar fases de testes.

 

Velocidade

Com impacto no mercado global de IP e no modelo de entrega de tecnologia da informação corporativa, a rede Ellalink é a primeira a conectar diretamente os dois continentes com cabos de alta capacidade. O objetivo é acelerar a conectividade para aprimorar negócios digitais, educação a distância, serviços em nuvem, serviços financeiros, mídia de entretenimento e jogos, considerando a demanda crescente desses produtos e serviços.

O uso de aplicativos em tempo real sensíveis à latência, como streaming ao vivo intensificado durante a pandemia, vem aumentando. E as plataformas de software, muito sensíveis a atrasos na transmissão, sentiram a limitação existente, o que forçou provedores a implantar aplicativos em centros de dados próximos aos usuários finais. Com isso, investimentos significativos têm sido feitos por gigantes globais de tecnologia no Brasil.

“A redução da latência e melhora no desempenho da rede são determinantes para provedores de conteúdo, empresas de computação em nuvem e empresas financeiras. A diminuição de alguns milissegundos na latência acarreta o impacto na lucratividade das operações de negociação, e isso é o que a EllaLink oferece”, detalha Diego Matas, diretor de operações da empresa.

O investimento, estimado em cerca de 150 milhões de euros ou 930 milhões de reais, significa também avanço na infraestrutura de tecnologia e telecomunicações local. Hoje, dados passam pelos Estados Unidos antes de seguirem a datacenters na Europa. Com a conclusão da nova obra no Atlântico, a velocidade será substancialmente aumentada com tecnologia de última geração e 72 Tbps (terabits por segundo) de capacidade, em quatro pares de fibras diretas de 18 Tbps cada, entre Europa e Brasil.

A ligação é histórica pela latência pelo menos 50% inferior, de apenas 60ms (milissegundos), conforme frisa o engenheiro Marcelo Rehder, consultor da Ellalink no Brasil – a empresa privada também é operadora dos serviços que serão oferecidos pela fibra. Ele explica que a maior rapidez é atribuída à proximidade geográfica maior entre os litorais cearense e português, em substituição às opções existentes, que atravessam o Atlântico Norte.

“A vida útil dos cabos submarinos é de 25 anos. Fortaleza é o grande hub, com cabos já existentes para América do Norte e África e agora tem o primeiro em alta capacidade para a Europa. Com o cabo direto, ganha-se segurança e redução de Round Trip Delay (RTD)”, frisa Rehder, lembrando que foram necessárias licenças ambientais e aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a obra complexa.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, anunciou na semana passada a previsão de expansão para pontos no Rio de Janeiro e São Paulo, além de conexões na África e em outros países europeus, ilhas do Atlântico e Guiana Francesa. “O cabo, em alguns lugares, chega a 5 quilômetros de profundidade. É algo antes impensável, inimaginável, mas agora nós vamos ter uma conexão direta com a Europa”. afirmou Faria

A rede própria da EllaLink também ligará o Ceará à Região Sudeste. Na Europa, a EllaLink oferece links protegidos para Data Centers em Lisboa, Madri e Marselha. A partir do primeiro dia de operação, a EllaLink terá pontos de presença (PoP) nos data centers das empresas Equinix e Interxion nessas cidades.

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