Páginas Vermelhas

Marcos André Borges, CEO da VSM, fala sobre as transformações da comunicação corporativa

Candice Machado
economia@ootimista.com.br

A comunicação vem passando por transformações profundas, moldando não apenas a maneira como nos conectamos individualmente, mas também a forma como as empresas se posicionam e interagem com seu público. Nesse contexto dinâmico, a VSM Comunicação emerge como exemplo de adaptação e inovação, liderando o cenário da comunicação corporativa no Norte e Nordeste do Brasil e seguindo em uma constante e cuidadosa expansão.

Ao O Otimista, Marcos André Borges, CEO e fundador da VSM Comunicação, compartilha sua jornada desde quando a empresa era apenas uma ideia pioneira, até sua posição de destaque no mercado atual. Ele oferece insights valiosos sobre os desafios enfrentados e revela uma visão corajosa e esmerada que orienta a tradição de sucesso e inovação da empresa.

O Otimista – O senhor fundou a VSM Comunicação em 1989, quando ainda cursava jornalismo. Como foi trazer, ainda tão jovem, a ideia pioneira em comunicação corporativa? Quais foram os desafios enfrentados naquele início?

Marcos André Borges – A VSM Comunicação surgiu quando eu ainda era estudante de jornalismo na Universidade Federal do Ceará junto com dois outros sócios. Atualmente, tenho como única sócia a Carla Matos, que é jornalista há mais de 15 anos e minha esposa. Assim que entrei na faculdade com 17 anos, comecei a trabalhar em rádio, jornal e televisão. Portanto, já tinha uma experiência do “outro lado do balcão”. Eu tive, também, experiência em um concurso que fiz no BNB, trabalhando na comunicação do banco. Isso me deu uma visão muito boa de como funciona a comunicação numa estatal, mas depois vi que ainda não era o que eu queria. Foi então que senti naquela época que estava pronto para esse desafio.

Eu acompanhava o que acontecia no mercado, especialmente de São Paulo, percebendo, principalmente, a ascensão do setor de comunicação corporativa e de relações públicas (RP), como são conhecidas hoje em dia. Na época, o Ceará vivia um processo de industrialização muito forte. E essas empresas de fora, que vinham para cá, passaram a contratar os nossos serviços. Isso porque, até então, as empresas locais não tinham muito essa cultura e, também, não se sentiam confortáveis, eu acho, para permitir que a sua imagem fosse gerida por “três meninos daqui” (risos). Pois éramos mesmo muito novos! Pouco compreendido, o novo serviço precisava ser explicado na prática, mostrando que era possível construir uma imagem forte com a divulgação de notícias positivas nos veículos. Juntando a tudo isso, também àquela máxima de que “santo de casa não faz milagre”.

Eu sempre digo que reputação é o ativo mais importante que uma instituição, seja pública ou privada, ou de uma pessoa. Porque é algo intangível. E é com isso que trabalhamos. Foi um grande desafio. Muitos colegas jornalistas também achavam que seria uma aventura, pois acreditavam que aqui não existia mercado para a atividade. Mas meu feeling apontava para o contrário e precisávamos arriscar. Sem tentar não teria como saber.

O Otimista – Por falar nesse ativo tão valioso para instituições e pessoas, que é a reputação, a gente sabe que hoje ela envolve uma diversidade de temas como meio ambiente, inclusão, gênero, responsabilidade social etc. Como a VSM vem se moldando a essas demandas?

Marcos André – As políticas de ESG (Ambiental, Social e Governança, na sigla em inglês) e uma comunicação inclusiva são cruciais para as instituições, porque orientam práticas sustentáveis e éticas, essenciais para a sustentabilidade de longo prazo dos negócios. Na comunicação corporativa não poderia ser diferente. A VSM Comunicação, recentemente, estruturou um núcleo para tratar especificamente de comunicação de impacto, formado por uma equipe multidisciplinar de profissionais que lidam com essa área de atuação.

O Otimista – Essas transformações também tiveram impacto na forma de se relacionar com clientes e com demais setores da comunicação?

Marcos André – Sim, até porque a sociedade de uma forma geral, e inclusive o setor de comunicação, tem essa percepção de uma política inclusiva, uma preocupação com a preservação ambiental, a governança, a responsabilidade social e a diversidade. As próprias empresas, inclusive muitos clientes nossos, já têm uma política de ESG nos seus planejamentos estratégicos ou mesmo diretorias voltada para esse tipo de atuação. Aquelas que ainda não possuem, a gente procura trabalhar a comunicação deles nesse sentido, além de estimulá-los para que também desenvolvam essa política institucional.

O Otimista – A comunicação, hoje, deve ser bem diferente do que era há 35 anos. Como você avalia essas transformações? Quais foram as principais mudanças e qual o impacto delas na comunicação corporativa e qual a tendência para o futuro do setor?

Marcos André – Nós passamos pelo telex e pelo fax até chegar na internet. As transformações foram muitas. Mas nada se compara aos últimos anos. Entre as principais mudanças mais recentes, podemos citar o BI (Business Inteligence) e a IA (Inteligência Artificial). São tendências amplamente utilizadas pela área de relações públicas 4.0 e em franca expansão. Quem não lançar mão dessas ferramentas ficará para trás. Essa é a minha expectativa em relação ao setor agora e no futuro. Silvio Meira, cientista-chefe da TDS Company, e um dos fundadores do Porto Digital, o centro de excelência em inovação do Recife, declarou o seguinte: “Daqui a 800 dias, a inteligência artificial atingirá a complexidade da filosofia. Isso significa que os líderes empresariais que ficarem esperando para ver se esse negócio de IA vai dar certo, em três anos não vão mais conseguir entender o cenário competitivo. Vai ser tudo rápido demais”. Isso foi dito recentemente, neste último mês, é uma estimativa muito atual sobre a IA.

O Otimista – Hoje, a VSM é a empresa de comunicação corporativa mais longeva do Norte e Nordeste. Quais características você entende que tornaram possível essa longevidade?

Marcos André – Uma agência de comunicação corporativa ou de RP tem como finalidade principal identificar os principais públicos de interesse do seu cliente, definir, elaborar e implantar estratégias e táticas para atingir esses públicos, através da comunicação e do relacionamento em total consonância com a política estratégica das corporações, sejam elas públicas ou privadas. Portanto trabalhamos com capital intelectual, e isso é algo que não se pode massificar. Não é somente repassar informações, é articular pessoas, é contar histórias interessantes e, principalmente, entender o business do cliente.

A VSM Comunicação, em dado momento, passou a ter uma carteira de clientes tão extensa que, naturalmente, estávamos nos distanciando dos nossos clientes. Eu sentia que estávamos perdendo um pouco do nosso DNA de atendimento personalizado. A partir do momento que nos definimos como alfaiataria, voltando a entregar aos nossos clientes um trabalho de comunicação diferenciado, vencemos um ponto de inflexão que foi decisivo para nosso reposicionamento no mercado. Tivemos essa autopercepção, mudamos o nosso conceito, estávamos mais uma vez inovando, entregando inteligência em comunicação e, ao mesmo tempo, resgatando a nossa característica de atendimento “sob medida”. Inovar, às vezes, também é ter assertividade e serenidade para resgatar especificidades e potencialidades presentes na trajetória da empresa. Rever conceitos. Por exemplo: recentemente, optei por descontinuar o contrato com um cliente porque a relação dele com a nossa equipe não era saudável, e isso estava impactando no ambiente organizacional de toda a agência. Num passado recente, a gente mantinha o cliente ainda que isso fosse nefasto para o clima interno da agência. O fato de estamos constantemente revendo conceitos, certamente contribuíram para que nos tornássemos a empresa com o maior tempo de atuação nas regiões Norte e Nordeste do País.

Sempre repito que “somos pioneiros por sermos inovadores, e somos longevos por estarmos em constante transformação”. Em algum momento já propagamos a quatro ventos o fato de sermos os maiores. Hoje nosso foco é tentar ser o melhor para os nossos clientes. Não queremos mais quantidade, pois não abrimos mão da qualidade.

O Otimista – E após todos esses anos de empresa, quais desafios enfrentados e conquistas alcançadas você destacaria?

Marcos André – Atribuo muito o fato de conseguirmos chegar até aqui à capacidade de nos reinventarmos e à oportunidade de trabalharmos com um time de colaboradores habilidosos. Costumo repetir que, para manter uma tradição de sucesso, é preciso sair do tradicional. Esse inconformismo, no bom sentido, essa inquietude é o que nos move. Estamos sempre buscando capacitar nossa equipe, implantar novos serviços, novas formas de compreender a jornada do cliente e, assim, fazer uma entrega mais qualificada e personalizada. Aliado a isso, também, concentramos investimentos em inovação, ferramentas e métodos ágeis de gestão para poder acompanhar as céleres mudanças do mercado.

Considero tudo isso um grande desafio, principalmente em tempos de mercado globalizado, onde a tecnologia potencializou o valor da informação, que ocorre a uma velocidade tão rápida quanto o estrago que seu mau uso pode causar na reputação de uma organização.

Os produtos mais caros que existem no mercado são o tempo e a informação. Mas não adianta você ter a informação, se não conseguir utilizá-la de forma rápida e estratégica, diante da instantaneidade da comunicação atual. E também não adianta você ter dados se não souber compreender, interpretar e utilizá-los de forma relevante com seus diferentes públicos.

O Otimista – A VSM também foi a única do Norte e Nordeste a conquistar o prêmio nacional da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) e a primeira agência do País a obter o certificado ISO 9001. Qual a importância desse prêmio e desse certificado?

Marcos André – Sobre o prêmio, é uma enorme satisfação que uma empresa cearense tenha um reconhecimento nacional como esse. Principalmente por ser um prêmio onde uma banca examinadora externa, capacitada, julga o trabalho das empresas. Ao longo desses anos , valorizamos premiações que tenham esse critério técnico. Hoje existe uma boa quantidade de premiações onde vence quem pedir e conquistar mais votos do público em geral, sem que haja um júri. Não condeno tais premiações, mesmo porque existe um público destinado a iniciativas nesse perfil. Além do que, é um estímulo para engajar pessoas em torno disso. Inclusive, às vezes até participamos de alguns de maior credibilidade, como da Megabrasil. Portanto, no final, acabam se complementando.

A VSM, em alguns momentos, já chegou a participar de alguns desses prêmios proativamente ou reativamente. Digo reativamente, porque muitas vezes, em função do recall forte da marca, só depois tomamos conhecimento de que avançamos de fase em prêmios que nem sabíamos que estávamos participando. O que não deixa de ser também um motivo de reconhecimento da força da nossa marca.

Já o certificado da ISO 9001 demonstra a nossa preocupação e foco nos resultados e na qualidade dos processos. Não adianta ganhar prêmios, sem que paralelamente a isso, exista uma busca constante pela qualidade e aprimoramento dos serviços prestados ao cliente. Cliente esse, que está cada vez mais esclarecido e exigente.

O Otimista – Hoje, a VSM atua em todo o Brasil. Como se deu a expansão da empresa? Quais são as principais carteiras nacionais?

Marcos André – Essa expansão acabou sendo um processo natural, demandado até pelos nossos próprios clientes. Muitos dos que já pertenciam à nossa carteira, ou outros que vieram depois, passaram a ter uma atuação nacional, e isso fez com que nós também acabássemos indo para outros mercados. No atendimento nacional temos clientes do setor financeiro, industrial e classista.

O Otimista – Além da Agência VSM Comunicação, o Grupo VSM também é formado pela VSM Editora e pela Trends, que é uma plataforma multissetorial de negócios e networking. Poderia falar um pouco sobre esses segmentos e o impacto deles na sociedade como um todo?

Marcos André – Sim, a Editora é voltada principalmente para atender as demandas do próprio grupo VSM Comunicação, além de algumas demandas específicas de clientes nossos. A Trends é uma empresa de comunicação multiplataforma que através de produtos diversificados, busca fomentar novas parcerias e novos negócios. O nosso portal (trendsce.com.br) oferece conteúdos estratégicos, artigos e entrevistas exclusivas sobre temas de interesse público.

Atualmente, a Trends também conta com dois programas, veiculados no nosso canal no YouTube: A série Fora da Curva que, através de entrevistas exclusivas, conta a história de sucesso de grandes empresários e empreendedores cearenses. Já o Cenários Trends tem como objetivo oferecer um conteúdo rico, abordado por especialistas renomados Brasil afora, sobre temas atuais e relevantes para a sociedade.

O Otimista – Também há eventos e projetos paralelos?

Marcos André – Além dos conteúdos escritos e audiovisuais, a gente também conta com o Trends Experience, o maior evento multissetorial do Nordeste que reúne grandes nomes do setor econômico da região. Cada edição conta com a participação de grandes speakers e um seleto público formado empresários, empreendedores e gestores C-level. Além de ganhar conhecimento, os participantes ainda têm a oportunidade de fazer networking e desenvolver novos negócios.

No quesito projetos especiais, temos o Move CE, que foi desenvolvido em parceria com a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Esse projeto tem como objetivo fomentar o desenvolvimento sustentável da economia cearense. Ele foi desenvolvido a partir da revisitação a todos os projetos estratégicos do Governo do Estado e da iniciativa privada, como Fortaleza 2040, Ceará 2050, Clusters Econômicos, Rotas Estratégicas e muitos outros. Nas etapas de desenvolvimento do Move CE, realizamos visitas às macrorregiões do estado e ouvimos os principais atores de cada localidade para, a partir desse diálogo, produzir manifestos e formatar o projeto com todos os dados e informações coletadas. Esse trabalho foi entregue à atual gestão do Governo do Estado e está sendo acompanhado por nós, da Trends, na interlocução das demandas do setor privado, que são constantemente atualizadas, junto ao executivo estadual e à Assembleia Legislativa do Ceará, nas suas comissões, visando a possibilidade de originar projetos de indicação e de Lei.

O Otimista – Ainda no que diz respeito à expansão, é possível mensurar o impacto da VSM em termos de clientes mensais e eventuais e de profissionais envolvidos no Grupo?

Marcos André – Hoje, temos entre 30 a 40 clientes entre fixos e eventuais. E contamos com 20 colaboradores trabalhando de forma fixa, além dos freelancers que atuam sob demanda. Em termos de expansão de clientes, não pretendemos nos distanciar muito desses números, até pelo conceito de agência butique, que visa um trabalho mais personalizado. Por outro lado, estamos focados em aumentar o leque de serviços prestados por cliente.

O Otimista – Quais são as expectativas e projetos da empresa para os próximos anos?

Marcos André – Nos próximos anos, continuaremos investindo fortemente em inovação, tecnologia, consultoria com inteligência comunicacional e comunicação de impacto. A tendência é seguir explorando novas plataformas e estratégias, principalmente no mundo online. Falo isso, porque o universo da comunicação está cada vez mais virtual. A IA e BI (análise de dados) estão colaborando na definição do perfil do público e também customizando e mensurando o impacto das iniciativas de RP junto aos diferentes públicos da agência e de nossos clientes.

Recentemente, nós iniciamos o processo de expansão da Trends, através de parceiros em outros estados brasileiros. E nesse sentido, é possível que a VSM comunicação, que já tem uma atuação nacional, também esteja, num futuro próximo, presente fisicamente em alguns desses estados. Isso, se entendermos ser estratégico e se, no momento específico, essa ação estiver em consonância com o nosso plano de expansão.

 

Deixe uma resposta

Compartilhe

VEJA OUTRAS NOTÍCIAS