Colunista

Erivaldo Carvalho: O test drive de Izolda Cela

Governadora pode ser candidata à reeleição / Divulgação

Sob nova direção, o Ceará, a exemplo de outros cinco estados, tem um ex-vice governador em condições de disputar a reeleição ao cargo em 2022. No caso, uma ex-vice-governadora. Braço direito e, provavelmente, principal conselheira de Camilo Santana (PT) durante sete anos e três meses, Izolda Cela conhece bem a máquina que começou a gerir desde o último sábado (2). Tem planejamento na veia, trabalha com visão de longo prazo e aprecia a eficiência administrativa – mais ou menos o que está na essência do estilo Ferreira Gomes. A pedetista é, portanto, na cotação do dia, a franca favorita para ser o nome do partido que tentará seguir no Palácio da Abolição, a partir de janeiro de 2023.

Mas não será tão simples assim. Em primeiríssimo lugar, Izolda terá de demonstrar disposição, algo que muitos relativizam. Alguns entendem que o aparente desapego faça parte do perfil da governadora. Outros avaliam que, na condição de vice, a hoje titular não poderia ou deveria sair do figurino de discrição. Há, ainda, quem aponte que tal comportamento tem relação com a conhecida estratégia do grupo, de não precipitar o processo sucessório.

Tudo somado e considerado, no decorrer dos próximos dois meses, estas e outras variáveis apontarão os caminhos que a pedetista percorrerá. Também dependerá, obviamente, da correlação de forças internas e subgrupos que defendem outros nomes postos, nessa sequência – Roberto Cláudio, Evandro Leitão e Mauro Filho.

Cenários adversos
Não somente de decisão pessoal e política se faz uma candidatura. Neste 2022, principalmente. Pela primeira vez, o grupo alojado no poder estadual irá para uma disputa eleitoral desalinhado com o governo federal. Em 2006 e 2010, Cid Gomes foi eleito e reeleito com o então aliado Lula presidente. Em 2014, Camilo Santana tinha no Palácio do Planalto Dilma Rousseff e, em 2018, Michel Temer não representava nenhuma ameaça, como mostrou o candidato oficial do governo, Henrique Meirelles, que tirou vexatórios 1,20% dos votos. Em 2022, o arquirrival Bolsonaro estará no segundo turno em qualquer cenário e, no Ceará, o principal grupo de oposição está mais articulado e estruturado.

MDB sai fortalecido
A bancada do MDB na Assembleia Legislativa saiu fortalecida com o resultado da janela partidária. A sigla já tinha compensado a saída de Walter Cavalcante com a entrada de Nelinho Freitas. Além disso, na reta final do prazo, a legenda voltou a filiar Audic Mota. O movimento dá mais musculatura ao presidente da agremiação no Estado, Eunício Oliveira, que passou a contar com duas importantes lideranças no Interior: Nelinho na região do Cariri e Audic no Sertão dos Inhamuns.

O elogio de Eunício
O ex-presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (MDB), foi às redes sociais felicitar a nova governadora do Ceará: “Desejo muito sucesso à professora Izolda Cela. Ela entra para história como a primeira mulher a governar o Ceará e sua missão será dar continuidade ao exemplar trabalho realizado pelo governo de Camilo Santana”. A declaração pode ser somente elegância do emedebista. Também pode ser a senha dos rumos do partido em 2022.

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