Colunista

Coube ao Paraná Pesquisas o início, no Ceará, de um longo período de sondagens de intenção de voto, avaliação de gestões e peso político dos mais importantes líderes do Estado. Tudo isso, com foco nas eleições municipais do ano que vem – particularmente, em Fortaleza.

E o que os principais índices nos contam? Depende do gosto do freguês – como quase tudo nesse Brasil, onde a vontade e a opinião rasa tentam tomar lugar da razão e análise. Mas vamos lá.

Estamos há quatro meses de governos estadual e federal eleitos, assim como diante de novas bancadas parlamentares. Os grupos que chegaram ao poder ainda têm muito o que mostrar – de bom e de ruim -, com impactos diretos na cabeça do eleitor que votará para prefeito, daqui a longos 18 meses.

Tanto é assim que o sábio eleitor não está tão ansioso, como estão os possíveis personagens do próximo pleito. Vejam bem: no formato espontâneo, 73,7% dos entrevistados ainda não sabem em quem votar. Surpresa zero.

Outro ponto que chama a atenção é a margem de erros do levantamento, de 3,7 pontos percentuais, para cima ou para baixo. Ou seja: qualquer índice das planilhas publicadas pode estar a 7,4 pontos de distância de outro equivalente. Respondendo à pergunta implícita no título: a pesquisa não diz quase nada.

Sondagem dará mais munição à trincheira petista

Mesmo considerando-se a distância temporal e o baixo interesse do eleitor mediano pelas eleições de 2024, o PT de Fortaleza, que força a antecipação do debate, tem motivos para ficar animado com os índices da Paraná Pesquisas. Na estimulada, a ex-prefeita Luizianne Lins aparece com 26,5% das intenções de voto. A petista tirou 17,76% em 2020. Chegou em 3º lugar. Capitão Wagner (União Brasil) teria 38,1% hoje. Há dois anos e meio, eram 33,32% (1º turno).

Avaliação e intenção de voto
Pelos números do Paraná Pesquisas, a gestão José Sarto (PDT) é aprovada por 43,5% dos entrevistados. Aqui, um ponto curioso. O chefe do Executivo chega, no melhor cenário, a 18,9% das intenções de voto, quando colocado como pré-candidato à reeleição. Ou seja, há uma diferença de 24,6 pontos percentuais entre os respondentes que aprovam os resultados da administração e a figura política do pedetista, para seguir como prefeito, a partir de 2025. Eis o dever de casa para consultores e estrategistas de comunicação do Paço.

Vê o que quer
Se os índices do instituto paranaense dizem que o governo Sarto é aprovado por 43,5% dos entrevistados – e desaprovado por outros 50,9% -, há um empate técnico. A margem de erro é de 3,7 pontos percentuais. 43,5+3,7=47,2 e 50,9%-3,7=47,2. Isso demonstra como a maioria enxerga pesquisa somente como quer ver.

Estabilidade
A performance do pré-candidato a prefeito Capitão Wagner, no Paraná Pesquisas, impressiona pela estabilidade. A maioria dos índices é idêntica, quando os entrevistados são estratificados em faixas de gênero, idade, escolaridade e renda. Talvez esteja aí uma das chaves para a já tradicional competitividade do pré-candidato do União Brasil.

Lula e Elmano podem ajudar a decidir

Um foi eleito governador do Ceará ainda no 1º turno. O outro voltou à Presidência da República, provando, depois de um longo viés de baixa, porque é o líder político mais importante do Brasil das últimas décadas. O Paraná Pesquisas desta terça-feira acentuou, ainda mais, esses perfis. Particularmente, no quesito aprovação, um dos principais ativos de transferência de voto. Elmano de Freitas aparece com 62,4%, enquanto Lula está com 68,9%. Ambos os petistas estão muito acima dos índices que os elegeram. (54,02% e 50,9%, respectivamente). Se o desempenho da dupla for mantido, anotem: vai ser animado o processo de escolha do candidato a prefeito de Fortaleza pelo partido.