A reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à Presidência do Senado é uma vitória política do próprio senador, do governo Lula e STF.
Por outro lado, pode ser vista como derrota – mais uma -, do bolsonarismo. Particularmente, na Casa onde a faixa conservadora será uma marca.
De onde vieram os 49 votos que deram mais dois anos a Pacheco na cadeira central da Mesa da Casa?
Não precisa desenhar que o presidente de um poder – qualquer que seja -, já começa corridas eleitorais do tipo dobrando a primeira curva.
Com a caneta na mão, sempre terá margem para negociar espaços, acordos e outras tratativas, mesmo que dentro da legalidade e republicanismo.
O Palácio do Planalto, que de início parecia começar um passeio para eleger o aliado, correu atrás do prejuízo, quando viu as luzes e sirenes dispararam.
Governo operou
Senadores-ministros, novatos e veteranos, fizeram serão no plenário, corredores e salas reservadas do Senado.
Todos, com o celular na mão e uma ideia na cabeça: bancar a candidatura do senador mineiro.
Uma vitória de Rogério Marinho (PL-RN), que chegou a ser cogitada, nas últimas horas, mesmo que remotamente, seria o primeiro grande desastre do governo do PT.
Ex-ministro de Bolsonaro, o potiguar teve 32 votos – um bom patamar.
Para ilustrar: com 27 assinaturas, o Senado pode instalar uma CPI.
O governo trabalhou. A máquina roncou. Veio a vitória, carimbada com muitas promessas de cargos e espaços no Executivo.
Com uma eventual derrota, o governo Lula passaria recibo de desarticulado e ficaria na mão de um aliado do governo anterior.
O cenário pintado era de torniquete na pauta do Planalto, que acena, por exemplo, com gastos sociais desenfreados e afrouxamento do ajuste fiscal.
Ajuda suprema
A força-tarefa não se restringiu ao Senado ou ao Executivo. Ainda ontem, na retomada dos trabalhos, a presidente do STF, Rosa Weber, levantou a bola.
A magistrada condenou os atos de 8/1 e pregou diálogo e harmonia entre os Poderes. No subtexto, foi contra Marinho – que fez campanha atacando o Judiciário.
Ao longo da tarde, ministros do STF chegaram a telefonar para senadores, pedindo voto para o então candidato à reeleição.
Foi interferência indevida? Foi defesa do próprio Poder? Foi qualquer outra coisa? Tirem suas conclusões.
Se ajudar: é o Supremo que julga senadores; o Senado pode pedir impeachment de ministros do STF.
O fato é que, mesmo com o resultado positivo, o governo Lula mediu, em números, a barreira de contenção que terá no Senado.
O recado está dado.
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