Colunista

Erivaldo Carvalho: a corrida contra o tempo da terceira via

Ciro Gomes é pré-candidato ao Planalto pelo PDT/Mário Miranda/Divulgação

O pré-candidato pelo PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, afirma ter disposição política para sentar com outras forças da faixa central do espectro político nacional. A saber, União Brasil de Luciano Bivar, MDB de Simone Tebet, PSDB de João Doria e PSD de Gilberto Kassab. Essa pode ser, até aqui, a melhor janela para a terceira via. Há uma corrida contra o tempo. Estamos caminhando para a reta final de abril. De hoje a mais ou menos 100 dias começará o período de convenções partidárias. Tudo peneirado, temos duas pré-candidaturas competitivas postas – o ex-presidente Lula (PT), na centro-esquerda, e o atual mandatário, Bolsonaro (PL), na direita-extrema direita.

O largo corredor entre essas faixas abriga uma fauna de pré-candidatos, cada um se movimentando para ser ungido pelos demais. Considerando a margem de erro no discreto sobe-e-desce de cada um, ninguém saiu do lugar. A rigor, o mais visível, na média geral dos últimos índices de intenção de voto, foi o fôlego que o presidente tomou e a patinada que o ex-presidente vem sofrendo.

Na cotação do dia, os dois estão mais do que consolidados no segundo turno. Até porque não desceram do palanque nos últimos três anos.
O processo da política é diferente da linha temporal e convencional do calendário eleitoral. Enquanto este define datas, regras e, na medida do possível, tenta deixar a disputa menos desigual, aquela constrói personagens, narrativas, acordos e outros elementos que, no conjunto, definem candidaturas, coligações e palanques. Mas o tempo passa para ambos.

Falta espírito público
O União Brasil vai para estas eleições com muito dinheiro e tempo de rádio e TV; o MDB continua um dos partidos mais capilarizados do País; o PSDB tem, em seus quadros, alguns dos mais competentes gestores nacionais; o PSD tem traquejo e pragmatismo político como poucos; o PDT tem Ciro Gomes, reconhecido analista dos problemas brasileiros. É o único pré-candidato, incluindo Lula e Bolsonaro, que dispõe de um plano de governo desenvolvimentista. Tudo isso e mais potenciais cerca de 40% das intenções de voto, que não votariam nem no ex-presidente petista nem no atual liberal de jeito nenhum. O que está faltando, então? Simples. O que mais falta na política tupiniquim: grandeza e espírito público, para colocarem o futuro da nação acima de projetos políticos de grupo.

CPI na AL começou
O clichê de que CPI é como guerra – sabe-se como começa e não como termina -, nunca foi tão atual em relação à Comissão Parlamentar de Inquérito, em curso na Assembleia Legislativa. A iniciativa, oficialmente, é para investigar supostos vínculos financeiros de entidades que congregam forças de segurança com a paralisação de setores da Polícia Militar, em 2020. Depois de cerca de 20 reuniões, começou para valer, com resultados imprevisíveis. Aguardemos.

Sob o olhar dos concorrentes
A CPI na AL-CE, por óbvio, tem um cronograma a seguir. Com o peso e a importância que seus defensores colocam, supõe-se que terá desfecho, com relatório final aprovado, etc. Ou seja, não irá parar, mesmo quando a campanha eleitoral chegar. Todos seus nove deputados-membros são candidatos à reeleição. Portanto, dividirão tempo de sessões na comissão com a caça ao voto, sob os olhares de concorrentes nos colégios eleitorais, no Interior do Estado.

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