Sob os ecos da disputa estadual de 2022, o ano que vai chegando ao fim foi dos mais animados, em se tratando de um ano ímpar – sem eleições. Ponto alto do período, a crise entre ex-aliados rachou o condomínio partidário, até então no controle do Governo do Estado e da Prefeitura de Fortaleza.
A cisão resultou na mais longa novela política da história recente do Ceará – com lances, inclusive, no tapetão eleitoral. A briga atingiu todos os agentes políticos em atuação. Tanto que houve uma reconfiguração geral do cenário político estadual.
O caso envolveu, diretamente, o PDT de José Sarto, André Figueiredo e Ciro Gomes – que se distanciou, de vez, do também pedetista, o irmão Cid Gomes.
Na outra ponta, o PT de Elmano de Freitas, Camilo Santana e José Guimarães montou uma ofensiva. Grande parte de prefeitos e deputados ficou com o Abolição. Ainda como resultado, partidos como o PSD foram para a base governista; o PSB foi reestruturado; o Podemos voltou a existir.
A marca do ano na política cearense ainda não chegou ao fim. Assim como virou de 2022 para 2023, reflexos da crise PDT-PT deverão marcar presença no próximo ano par – quando teremos eleições.
Conflito gerou pré-candidatura de Evandro Leitão
A política tem sua dinâmica própria, com causas, efeitos e timming. Quem estiver no local certo, na hora certa e com um pouco de jogo de cintura, pode ter um cavalo selado passando à frente.
Foi o caso, neste 2023, do presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão. Na briga PDT-PT, ele ficou ao lado do Palácio da Abolição.
Agora, filiado do PT, o presidente da Alece é virtual candidato a prefeito de Fortaleza, com apoio de Camilo e Elmano.
2023: uma síntese do governo Elmano de Freitas
De continuidade e aliado do governo Lula, Elmano de Freitas (PT) fechou o primeiro ano de gestão, neste ano, com altos e baixos.
Há forte pressão fiscal na gestão, haja vista os empréstimos bilionários, e a segurança pública segue sendo o principal desafio.
Do lado positivo, para o Palácio da Abolição, citemos o sucesso de programas e ações, a exemplo do Ceará sem Fome.
Houve avanços nos esforços para fazer do Estado um polo de produção de hidrogênio verde e o governo termina no ano com base sólida na Alece.
Sarto melhorou
A sucessão do prefeito José Sarto (PDT) será das mais árduas. O PT vem com muita força e a centro-direita não está morta.
Mas a gestão municipal melhorou em 2023, se comparada com os anos anteriores.
Até os adversários admitem isso. Tanto que mantêm o pedetista na mira. Há bons resultados em obras, serviços e investimentos.
Direita se dividiu
Por circunstâncias nacionais ou locais, a centro-direita trincou em Fortaleza, no ano de 2023.
Ainda um pré-candidato forte, Capitão Wagner não contará com o apoio nem do PL de Jair Bolsonaro nem do grupo de Eduardo Girão.
Com a polarização entre os palácios do Bispo e Abolição, pode-se dizer que Wagner terá mais dificuldades em 2024.
O duro golpe do 8 de janeiro no bolsonarismo
Uma das lembranças políticas mais fortes do ano que se vai foi o vandalismo na Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro.
Os atos mancharam o bolsonarismo, para além da derrota em 2022 e as complicações políticas e jurídicas do ex-presidente.
Os atos em si, a CPMI no Congresso Nacional e a extensa cobertura mantiveram o bolsonarismo em baixa ao longo de todo o findante 2023.
O episódio ajudou a jogar no ventilador o projeto – se é que algum dia existiu -, de a direita a la brasileira chegar e se manter no poder.
Para piorar, vieram à tona ou foram requentados episódios envolvendo o então mandatário – agora, inelegível.
Resultado: a direita, que em 2018 subiu a rampa do Planalto, chega sem rumo ao final de 2023.
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