Política

O alinhamento faz a diferença

Em campanhas eleitorais, é uma abordagem recorrente nas entrevistas com candidatos ao Executivo: “Em caso de vitória, como será a relação de sua gestão com o governo ao qual seu grupo faz oposição política?”. Por regra, as respostas-padrão, com toque de vaselina, vão da relação institucional imposta pela legislação à suposta “disputa saudável”, da qual a sociedade será a maior beneficiada blá blá blá. Sabemos que não é assim que funciona.

Quem acompanha a cena pública cearense, há algum tempo, deve lembrar ou já ter ouvido relatos de uma época em que camadas novas de asfalto em Fortaleza eram quebradas para passar o saneamento. Outro exemplo clássico foi o impasse entre Prefeitura de Fortaleza e Governo do Estado na faixa de orla da Capital onde hoje está o Vila do Mar. Há também os famosos rebatismos de programas e projetos, na maioria das vezes com o único objetivo de ofuscar feitos de administrações anteriores.

Corta para 2022. Na longa travessia da pandemia, são incontáveis os exemplos de sintonia entre as duas maiores gestões públicas do Ceará. Do comitê técnico e integração dos equipamentos à adoção dos mesmos protocolos e decretos. Nos últimos dias, vieram mais demonstrações de ação conjunta: o cancelamento de grandes festas públicas de final de ano. Agora, a decisão sobre o Carnaval do ano que vem.

Sobre orações e hóstias
Em décadas passadas, o termo “deputado de proveta” era uma maldosa definição para candidato que queria virar parlamentar às custas das entranhas da máquina pública. Quando abraçado pela gestão – se está bem avaliada, claro -, costumava dar certo. A história das eleições proporcionais no Ceará é repleta desses casos. O problema é quando há muitos fiéis cobiçando as mesmas hóstias. É o caso para 2022, quando pelo menos um quarteto deverá buscar o milagre da vitória para a Assembleia Legislativa. O risco é grande, simplesmente porque não haverá orações para todos.

PL, evangélicos e o Ceará
O evento do PL em Brasília, no qual o presidente Bolsonaro filiou-se ao partido de Valdemar Costa Neto, teve tom evangélico, inclusive com direito a prece, no início. Dois comentários. 1º: isso reforça a dependência política do presidente não somente do centrão. 2º: no Ceará, a sorte divina sorriu para o casal evangélico parlamentar, que poderá passar a comandar a sigla no Estado.

Questão de equilíbrio
Usados como espécie de cobaias nas eleições de 2020, quando estreou candidaturas proporcionais sem coligação, os vereadores eleitos acabaram ensinando algo aos pré-candidatos a deputado: já que entrarão os mais votados de cada partido, é estratégico cada legenda distribuir os votos entre seus principais candidatos. Ou isso ou uns vão estourar de voto e outros ficarão de fora.

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