Política

Convite para Cid Gomes se filiar ao PT é um gesto de acolhimento, dizem deputados petistas

Israel Gomes
politica@ootimista.com.br

O senador vai se encontrar com o presidente Lula para tratar do assunto, que veio à tona após o ministro da Educação, senador Camilo Santana (PT), afirmar que o chefe do Executivo nacional pediu para que convidasse o pedetista para se filiar ao Partido dos Trabalhadores

Senador Cid Gomes e o presidente Lula. (Fotos: Geraldo Magela/Agência Senado e Ricardo Stuckert/PR)

O senador Cid Gomes, que preside o PDT do Ceará, está marcando uma audiência com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para tratar sobre o convite para que se filie ao Partido dos Trabalhadores. O encontro entre os políticos ainda não tem data definida. A reunião ocorrerá após o ministro da Educação, Camilo Santana (PT) dizer que o chefe do Executivo nacional pediu para que convidasse o pedetista para ingressar na legenda.

Parlamentares na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) repercutiram nesta terça-feira, 21, a possibilidade de o senador ingressar no quadro de filiados da sigla. O deputado Guilherme Sampaio, que preside o PT em Fortaleza, avaliou que Cid é uma “figura pública importante”, mas ponderou que o convite para que ele se filie ao partido trata-se de um “gesto de delicadeza política”.

Cid e grupos aliados ao ex-presidenciável Ciro Gomes e ao deputado federal André Figueiredo, que preside nacionalmente o PDT, travam uma queda de braço dentro do partido, que enfrenta uma crise interna desde as eleições de 2022. Além de divergirem sobre o posicionamento de ser oposição ou situação ao governo do Ceará, os dois grupos disputam ainda o comando estadual da legenda.

“A adesão (de Cid) a uma agremiação partidária, não é um fato qualquer. Essa é uma discussão que se dá no âmbito da Executiva nacional. O que eu entendo é que houve, até aqui, um gesto político do presidente Lula e do ministro Camilo, haja vista as hostilidades que o ex-governador Cid Gomes tem sofrido por parte do diretório nacional do PDT”, declarou Guilherme Sampaio

O parlamentar ressaltou que uma adesão como a do senador aos quadros do PT só poderia avançar “com um diálogo refinado”, que é tratado no âmbito da direção nacional. “É um aliado importante do PT e dos demais partidos que governam o Ceará”, acrescentou Guilherme.

Na avaliação do deputado De Assis Diniz (PT), Cid é um “grande político e gestor”, que “trouxe muitas conquistas para o Ceará”, mas que o gesto tanto do governador Elmano de Freitas, quanto de Camilo, em indicar que as portas do partido estão abertas para recebê-lo, é um ato “muito simbólico” e “de acolhimento”.

“É como se eu tivesse vendo um irmão, que ficou desabrigado e com a minha casa lotada, sem caber, eu convidá-lo para vir”, comparou o parlamentar petista. Além do senador, um grupo de deputados estaduais e federais, prefeitos e vereadores, promete seguir o pedetista para a sigla que ele for. “Eu não vejo, de forma concreta, hoje, como conciliar os interesses de um bloco tão grande com os interesses do PT”, acrescentou o deputado.

De Assis Diniz afirmou que a discussão sobre Cid no PT ainda não chegou a ser abordada formalmente nas instâncias partidárias. “Eu prefiro dizer que tenho respeito pela história. Tenho conhecimento da postura e da conduta do gestor que vem para agregar, é um senador da República, mas vou deixar esse debate para que as instâncias partidárias possam fazer quando chegar o momento”, acrescentou.

O deputado estadual enfatizou que vai esperar a discussão chegar ao Ceará para “se posicionar”. “Nunca aconteceu, é inédito. Estatutariamente quem delibera isso são as instâncias do diretório. Toda e qualquer filiação de uma figura pública é o diretório estadual que faz”, explicou o petista, acrescentando que, no caso de Cid, o debate caberia ao Executiva nacional.

Evandro e o PT

De saída do PDT, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão, afirmou que o PT é um partido que o “atrai bastante pelas suas bandeiras ideológicas e pela sua forma de pensar”, mas que ainda não definiu sua futura legenda. Ao ser questionado sobre se a possível ida de Cid para o PT facilitaria sua filiação à sigla, o parlamentar ressaltou que tem feito uma avaliação do cenário político, mas que sua decisão passa pelo processo que está tramitando na Justiça Eleitoral.

No final de outubro, o Pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) validou, por unanimidade, a carta de anuência para que o político deixe o PDT sem correr risco de perder o mandato. Entretanto, o PDT nacional entrou com um embargo.

“Esse embargo, acreditamos que possa ser julgado até o final deste mês, ou início do próximo. Claro, é muito óbvio para mim que o PDT deverá recorrer para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas tendo aqui definido, que é isso que eu espero, depois de definir aqui, aí eu pensarei quais serão os próximos passos que nós iremos tomar”, destacou Evandro.

O presidente da Alece ressaltou que Cid Gomes é uma “referência política”, mas que o debate sobre sua filiação é mais amplo. “Nós estamos dialogando com os nossos líderes e também com as nossas lideranças para que a gente possa tomar, em um futuro próximo, um caminho, um rumo e uma decisão”, acrescentou.

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