Opinião

Zé Pinto e Berimvolks

A Denis Quevedo.

Quando criou o Mundo, Deus fez o Ceará à mão.” (Toim da Meruoca)

O conceito de “arte” decorre do vocábulo latino ars, relativo às criações do homem que espalham a sensibilidade de sua visão do mundo pela utilização de vários recursos – sonoros, linguísticos, cênicos e plásticos, por exemplo.

Por sua vez, “popular” indica o sentimento de pertencimento referente ao povo, portanto significa o que abrange a maioria das pessoas.

Pois bem. Eu dou o maior valor a chamada “arte popular”, pois ela guarda a autêntica expressão artística da cultura de um povo.

Dos tantos artistas populares urbanos, dois marcaram muito a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção dos anos 70 e 80: Zé Pinto e Berimvolks.

Um dos maiores escultores cearenses de todos os tempos, Zé Pinto realizava seus trabalhos a partir de sucata de material de qualquer natureza. Garimpador de ferro velho, transformava em arte metais amassados, pregos envergados, molas disformes e peças de máquinas.

As criações de Zé Pinto foram expostas em museus, praças, prédios e ruas de Fortaleza. Transpôs as porteiras do Ceará, do Nordeste e do Brasil, indo bater em museus de Portugal e do Vaticano, além de pertencer a acervos particulares na Alemanha e nos Estados Unidos.

Artista de rua que animava as noites da fortalezense Beira Mar, Berimvolks era assim apelidado por causa do seu instrumento musical ser semelhante a um berimbau, mas, feito com para-choque e calota do automóvel Volkswagen.

Pois é, reaproveitando materiais beneficiados como matéria-prima para novos produtos, os criativos artistas Zé Pinto e Berimvolks são dois bons exemplos de que reciclar é uma atitude de cidadania e um bom hábito de quem protege o ambiente e pensa num futuro com qualidade.

Representantes do eterno vanguardismo cearense, Zé Pinto e Berimvolks foram artistas à frente de seu tempo.

Como vivo a dizer e a repetir, o Ceará possui o que todo lugar do mundo inteligente adora ter: talentosos artistas e da maior categoria!

Agora, vocês me deem licença, que eu vou é desenhar e pintar, ouvindo muita música. No mais, como disse Ferreira Gullar, “a arte existe porque a vida não basta”.

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