Opinião

Vida – Totonho Laprovitera

A Paulinho Nogueira.

“A vida é uma doença mortal, sexualmente transmitida.” (Neil Gaiman)

Cá pra nós, se não eternizada, pelo menos, a vida deveria ser do tamanho para que a saudade pudesse nos levar de volta aos momentos simples e felizes que vivemos.

No excelente filme franco-canadense “Les invasions barbares” (As invasões bárbaras), de 2003, dirigido por Denys Arcand, à beira da morte, nos seus últimos momentos de vida, Rémy disse: – “Eu me sinto tão despreparado para morrer, quanto no dia em que nasci”.

Assim, o sentido da vida forma um questionamento filosófico acerca da finalidade e significado da existência humana, definindo a relação entre nós, seres humanos, e nosso mundo. Matutando e parafraseando, “ainda somos bem moços pra tanta tristeza e deixemos de coisa, cuidemos da vida”. Portanto, bora pra frente, porque se ela se atrapalhar, é bem capaz de desandar e correr o risco de se acabar.

Desse jeito, existe um grande número de prováveis respostas para o sentido da vida, muitas vezes pertinentes a convicções religiosas ou filosóficas. Opiniões sobre seus significados podem se distinguir de pessoa para pessoa, bem como variar no decorrer da vida de cada ser humano. No entanto, de uma forma mais ampla, não existe consenso sobre tal.

Pois bem. Era uma vez quando eu peguei um táxi, no qual o motorista ouvia no rádio Nélson Gonçalves cantar. Por trás dos invocados óculos escuros, conversador que só, ele foi logo falando sobre a sua vida. Contou que, apesar da idade avançada, trabalhava há pouco tempo como motorista de praça. Que tinha começado a batalhar cedo na vida e durante anos havia sido dono de bar, atividade que lhe era inapropriada, pois “raposa não pode negociar com galinha”, disse. Foi boêmio, mas hoje em dia se achava cansado das farras e das noites mal dormidas. Mesmo assim, ainda exalava um bafo danado de cachaça.

Seu Luís – era esse o nome dele – contou-me sobre a sua patroa, filhos, netos, parentes, cachorro e papagaio. Sobre os cabarés de antigamente que frequentava costumeiramente com os amigos de copo e de cruz. E olha que a corrida nem longa foi.

Finalizou, dizendo: – “Quando vim ao mundo eu não trouxe nada. Quando eu for embora, nada levarei!”

A corrida deu quinze cruzeiros.

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