Opinião

“A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo.” (Mario Quintana)

A moda na rua era jogo de baralho. Valter reuniu um grupo de amigos em sua casa para uma noitada de jogatina. Com inveja, talvez por não ter sido convidado, um vizinho seu resolveu enredar à tia Zilma, que tinha o sobrinho como filho e  cultivava sempre bons hábitos e costumes na formação da personalidade do garoto. Bebida, cigarro e baralho, nem pensar, quanto mais carteado apostado! Na hora em que os quatro estavam sentados à mesa e ele já se preparava para dar as cartas, eis que de surpresa chega a tia:

• Muito bonito, Valter, flagrei, jogando baralho!
• Mas, titia, pela Santíssima Trindade, a gente jogando baralho?! Não estou entendendo… – disse Valtinho.
• O quê? Como não está entendendo? Ora, as evidências comprovam e querem bem negar que estão jogando?!
• Bem, acho que cada um de nós pode se explicar.
• A senhora sabe que moro perto daqui. Eu estava fazendo meu dever de casa e tive uma dúvida. Foi quando lembrei que o Valtinho poderia me ajudar e aqui estou – disse Chiquinho.
• Eu estava indo era para o cinema de arte, quando vi que ainda faltava algum tempo para começar a sessão. Para fazer uma horinha, resolvi passar por aqui e fazer uma visita ao amigo – disse Renato Juventude.
• Eu vinha passando, quando notei o movimento na casa. Vi os gente boa e resolvi entrar para bater um papinho, trocar umas ideias, a senhora sabe como é que é, né? – disse Hélder Oi-de-Jipe.

Tia Zilma, diante de tanta invenção, fuzilou o sobrinho:

• Muito bem, Valter Sérgio, os três se explicaram, mas o que faz o senhor aqui em casa, com esse baralho nas mãos? Quer dizer que não estava jogando?!
• Eu, titia, jogando? Pelo amor de Deus, com quem?!

Estou muito triste. Na quinta-feira passada o querido amigo Valter Sérgio Duarte Furtado se foi, deixando muita saudade no coração da gente.

Que essa inevitável saudade, que mistura sentimentos de perda, falta, distância e amor, nos alivie esse luto e nos guarde e fortaleça a memória do imorredouro afeto pelo Valtinho.