Opinião

Uma nova e uma velha descoberta na Pinacoteca CE – Aldonso Palácio

Thaís de Campos, “Ventre Sagrado”, 2018

A Pinacoteca do Estado do Ceará é realmente um espaço para se orgulhar como cearense e como amante da arte e da cultura. A mostra inaugural “Se Arar”, cuja curadoria é formada por Cecília Bedê, Herbert Rolim, Lucas Dilacerda, Maria Macedo e Adriana Botelho, lança um olhar sobre a história da arte no Ceará, a partir de obras que integram o acervo do Governo do Estado. Com obras de 169 artistas, sendo 40 convidados, a mostra atravessa diversas gerações de artistas, buscando descobrir novos-velhos fatos e assim produzir uma memória viva.

Uma nova descoberta foi o trabalho de Thaís de Campos, nascida em Recife e residente de Fortaleza desde 1999. Sua obra “Ventre Sagrado” (2018) consiste em uma série de 30 slides confeccionados artesanalmente com acetato e microfragmentos de elementos coletados na natureza: asas, insetos, folhas, fungos, cascas, penas, peles de cobras. Seja na sua escala original de preparado microscópico ou na sua possível projeção e mega ampliação, o trabalho de Thaís de Campos reside na ginástica contemplativa entre os extremos, num novo organizar da natureza como em um jogo fractal. 

A velha descoberta ficou para a grande obra têxtil de Carlinhos de Morais. Nascido em Fortaleza em 1951, o artista partiu precocemente vítima do vírus HIV. Suas tapeçarias, que jogam no limiar do decorativo, ambientaram várias casas em voga na cidade na década de 1980. Feitas de tubos estofados e recobertos de fino cetim, poucas obras sobreviveram ao teste do tempo, da quentura e da maresia. A obra pertencente à coleção do Governo do Estado permanece tão bela quanto lembro de tê-las vista a mais de 30 anos. Um deleite estético unido a uma sentimental e nostálgica viagem. 

Serviço:
Pinacoteca do Ceará
De quinta a sábado, de 12h às 20h
Domingo, de 10h às 18h

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