Opinião

Uma breve passagem por Escópia – Aldonso Palácio

Minha pesquisa sobre a Macedônia do Norte, através das lentes pessoais dos artistas Wilson Neto e Daniel Chastinet, me fizeram chegar ao país despido de expectativas. Aprendi de cara que a maioria das pessoas não gosta que nos refiramos ao país como Macedônia do Norte. Para eles é somente Macedônia e pronto. A jovem república teve que fazer muitas concessões para poder resistir e existir após a dissolução da Iugoslávia. Povos que se identificam como macedônios se espalham nos países vizinhos Bulgária, Sérvia, Albânia e, principalmente, no norte da Grécia. O povo da Macedônia trava atualmente uma luta sobre a construção de uma identidade nacional que leve a aceitação do país no bloco da comunidade europeia, mas sem pisar nos calos das disputas históricas de seus vizinhos. Exemplo disso são as estátuas de Alexandre, o Grande, terem sido rebatizadas com nomes genéricos como “guerreiro à cavalo”. 

O oriente encontra o ocidente mais cedo em Escópia, que era posto avançado do império Romano Bizantino, e possui um importante bazaar que remonta ao Século XII. Muito além de um mercado, é um local de rica tradição histórica e cultural otomana, bizantina e islâmica, com mesquitas ativas e antigos hammams que abrigam o atual museu de arte moderna. Dentro desse passeio por entre baklavas, künefes e chás perfumados, tive a agradável surpresa de descobrir as obras do macedônio Dimitar Kondovski (1927-1993), que tratavam justamente da assimilação dos símbolos arquitetônicos e religiosos bizantinos pela cultura popular de seu país, desdobrando-se em ícones sincréticos que exalavam uma espiritualidade universal.

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