Opinião

Todo Ambiente – Totonho Laprovitera

“A natureza não faz nada em vão.” (Aristóteles)

No final dos anos 1970, debaixo das mangueiras da Escola de Arquitetura da Universidade Federal do Ceará, assisti ao agrônomo, escritor, filósofo, paisagista e ambientalista José Lutzenberger (1926-2002) palestrar sobre preservação ambiental. Era a luta dele, tanto que na Porto Alegre de 1971 reuniu um grupo de simpatizantes das causas de proteção ecológica e fundou a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). 

Em sua serena narrativa, após contar sobre seu engajamento no ambientalismo, Lutzenberger tacou a falar sobre tecnologias avançadas, surpreendendo-nos ao classificar o Brasil como país detentor do maior know how do planeta. E esclareceu, dizendo que se o “saber fazer” consistia nas capacidades e habilidades para realizar tarefas específicas, então significava que a natureza brasileira, a partir da floresta tropical amazônica, fazia-nos ser uma nação altamente qualificada em conhecimentos fundamentais e transferências de tecnologias. 

Lutzenberger nos fez refletir sobre a grande importância do respeito à preservação ambiental. Não como lúdico, mas como razão imprescindível para vivermos dignamente, com as boas condições que o Criador nos oportuniza. 

Sobre responsabilidade ambiental, eu tive a sorte de ser iluminado pelo professor Flávio Torres, que em 1978 me conduziu à Socema, a brava Sociedade Cearense de Defesa da Cultura e Meio Ambiente.  Na época, pasmem, quem acudia as causas ambientais era chamado de “lunático”. Mas não estando nem um pouco preocupado com que os insensíveis viventes pudessem achar da gente, lutávamos pelas nossas convicções. Ponte do Rio Cocó, Avenida Sebastião de Abreu, fuligem dos escapamentos dos ônibus urbanos e o piche nas praias, foram algumas de nossas lutas e conquistas. Desse tempo, tirei a lição de que vale muito a pena acreditar em sonhos. De sonhos eu não abro mão, assim como me conservar “menino véi”. 

Hoje, creio que a responsabilidade ambiental, amplamente disseminada na sociedade, não é mais atribuída aos “lunáticos que não tem o que fazer ou com o que se preocupar”. De lá para cá, dentre tantas lutas expressivas, tenho assistido avanços e atrasos na compreensão ambiental. 

Ao pensar na preservação com o princípio do ser humano inserido em sua ambiência, ressalto o meio ambiente edificado. Ora, assim como os santuários ecológicos, as cidades necessitam de cuidados especiais em seus planejamentos, resguardando áreas de preservação e proteção ambientais, os quais as tornam humanizadas. Maus-tratos e descasos com o tecido urbano doem em seus habitantes e agridem a inteligência humana. Então, intervenhamos com veemência quando das agruras impostas às urbes. 

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