Opinião

Roriz, o garanhão – Totonho Laprovitera

No ano de dois mil e pouco, aproveitando o carnaval decidimos de última hora viajar, sem a mínima pressa, parando em tudo quanto era lugar. Acompanhados das mulheres, seguíamos viagem divididos entre as camionetas do Danilo e do Assis. Em um outro comboio estavam Marcos e Wilton. O roteiro da turnê de ida foi Fortaleza, Natal, Baia da Traição, João Pessoa, Recife, Maragogi e Maceió. Na volta, Maceió, Praia da Pipa e, finalmente, Fortaleza.

Muito bem. Mas o que quero contar mesmo é sobre a nossa estada em João Pessoa. Havíamos passado o dia na Baia da Traição – onde nos encontramos com Gaubi e família – de lá fomos à Cabedelo e chegamos só os cacos na capital paraibana. Após definirmos nossa hospedagem, ainda no entardecer, emendamos a programação até um restaurante típico, para depois finalizarmos o roteiro no  bar do alinhado hotel.

Depois do puxado programa, todos exaustos, fomos dormir. Ocorre que o silêncio da noite quebrou-se de maneira curiosa. Uma nervosa e gasguita voz feminina, de abusado sotaque carioca,  urrava de prazer dizendo: “Roriz, Roriz, diz que eu sou a tua vadia, Roriz!” E continuava: “Roriz, Roriz, me mate de prazer, Roriz!” E persistia: “Roriz, você é meu macho, Roriz! Roriz, assim você me mata, Roriz!”

Liguei para o apartamento do Danilo:

Abri a porta e quando coloquei a cabeça pra fora do quarto, dei de cara com outros hóspedes fazendo a mesma coisa. Mas catando a origem dos gritos, ninguém conseguia achar. Em meio ao episódio, escutei uma mulher dizer para o marido: – “Você é um fraco! O homem é Roriz!” Roriz era o que havia de mais macho naquela noite! Aí, o vuco-vuco foi murchando, enfraquecendo e sossegando, até o silêncio voltar a reinar naquele recinto e todos adormeceram.

Na manhã seguinte, no restaurante para o café da manhã, o assunto era um só! Quem seria o espetaculoso Roriz? Ninguém sabia e muito menos o identificava. É que no salão, uma centena de hóspedes ocupava mesas, impedindo o reconhecimento do garanhão. Daí, eu tive a seguinte ideia: – “Roriz!” – gritei alto.

Acompanhado de uma graúda loura balzaquiana, um branquelo bem franzino, desconjuntado, de um metro e meio de altura, calvo e de óculos fundo de garrafa, trajando uma camiseta de mangas cavadas que mostravam os sovacos cabeludos e os braços de gravetos, uma bermuda foló de pano pisado marcando o calibre do indivíduo, levantou-se e procurou por quem o chamava. Olha, o Roriz era mesmo que tá vendo uma rã de bananeira!

Então, em meio a assobios, o notívago pegador foi aplaudido e saudando pelo macharal e mulherio, em vibrante e repetido coro: – “Roriz! Roriz! Roriz!”

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