Assistindo ao filme “Baarìa – A Porta do Vento”, do cineasta italiano Giuseppe Tornatore, lembrei que no sertão nordestino também se costumava passar recados para os mortos, no além, por alguém à beira da morte ou mesmo já defuntado.
Conta Levi, que um tio dele agonizava no hospital, intubado e resistindo por meio de aparelhos, quando lhe chegou uma sobrinha – coroa de idade oculta, muito perfumada, com rugas rebocadas de base, vestida de com justo e bem curto vestido dourado, ressaltando seus fartos seios, a cintura grossa e a bunda em cursos frouxos.
Famosa por ser uma agourenta rasga-mortalha, não perdeu tempo. Carimbou a testa do velho com um beijo encarnado de batom e foi logo pedindo: – “Titiozinho querido, diga pro paizinho que a nossa casa da praça eu reformei, pintei todinha de azul e botei pra alugar. Agora, fale pra mãezinha que eu perdi quinze quilos e duzentos gramas, pintei os cabelos de louro, dei entrada na minha aposentadoria…”
Aí, não sei de onde o ofegante tio tirou forças, mas desatou uma das encarquilhadas mãos, esticou o dedo polegar, dobrou o indicador, o anelar e o mínimo, arregaçou o médio, e deu-lhe um grande e trêmulo cotoco!
Agora, falando em velório, em um no Bairro São João do Tauape, em Fortaleza, o padre exagerou na encomenda do corpo, rasgando elogios ao falecido: – “O finado era um cidadão de bem! Ótimo marido, excelente cristão, pai exemplar!” A viúva se virou para uma de suas crias e cochichou: – “Francenildo, meu filho, vá até o caixão e veja se é mesmo o seu pai que tá lá, vá…”
Seguindo o rumo da conversa, contou-me a querida Claudinha que a fim de uma boca livre, um carioca adentrou em um velório. Para se enturmar com os enlutados, foi a beira do caixão e perguntou:
Febre amarela – responderam.
Boniiita corrr – arrematou.
Por fim, Cancan me contou sobre o diálogo do amigo Juninho, no velório do filho de um colaborador.
Doutor Júnior, esse meu menino valia ouro. Era aplicado nos estudos…
Dá pra perceber que sim. Seria um doutor!
Seria, sim. Mas, ele tinha o sonho de se tornar um homem público. Um político. Era muito carismático e muito benquisto por todo o Eusébio!
Sério? Tinha liderança?
Muita e, certamente, seria, no mínimo, deputado!
Estadual ou federal?! – especulou o patrão.
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