Opinião

Peixinho e iguarias – Totonho Laprovitera

Não é conversa de abirobado, não, mas enquanto eu me espreguiço na nova rede – presente do velho amigo Amarílio Cavalcante – e traço uns alfenins da Carmosita, seguidos de um bem gelado copo d’água, à aragem do ventilador na velocidade 3, matuto:  Será que alguém de antigamente sabe qual a origem de se chamar “peixinho” o aluno da predileção da professora?

Ora, curioso que só, publico a inquietação no grupo de rede social da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, da qual faço parte, e logo recebo duas considerações.

A primeira, do confrade Aluísio Gurgel, conjectura sobre a recordação de que no passado, por ser símbolo de Jesus Cristo, “peixe” era uma das formas sinônimas de “amigo”.  “Então é muito possível que ‘peixinho’ fosse o amiguinho ou protegido da professora”, observou.

Na segunda, o confrade Adriano Vasconcelos, arrazoa que “peixe” é um termo militar para designar protegidos dos superiores. “Talvez o diminutivo seja a versão civil do termo”, emendou.

Aí, indo ao pai dos burros, só achei o significado de “peixinho” como “pessoa que se sente protegida por outra, influente, e que, por isso, goza de certos privilégios”. Etimologicamente, peixinho é o diminutivo de peixe.

Bem, o certo é que não se pode impedir qualquer professor a gostar de alguns de seus alunos, desde que seja justo em sua função. Agora, ele precisa reconhecer que esse tipo de conduta não deve ser priorizado no processo educativo.

Mas virando a página da prosa, pouco antes de começar a pandemia, resolvi atender ao convite de uns amigos e fui bater em um bar, ali na Gentilândia, para provar das iguarias do lugar, cantadas em loas como as melhores da cidade.

No cardápio de plástico da marca de cerveja e a giz no reboco descascado da parede, o menu divulgava: “Temos Panelada, com mocotó, intestino e miúdo de boi, toicim e verdura; Sarapatel, com sangue fresco, fígado, rim, bofe, tripa e coração de porco, com molho de pimenta à vontade; e Sarrabulho, com sangue e miúdo de carneiro de estimação.”

Pois é, cerveja vai, cerveja vem, mudando de arma, passei para um burrinho da branquinha e me empanturrei de tudo um pouco. Aí, o caprichoso proprietário do estabelecimento revelou o segredo da sua tão suculenta e deliciosa panelada: – “Eu não lavo as tripa, que é pro produto não perder aquele quezim…”.

Ah, sim, vixe, não falei da buchada, que pode ser de bode, carneiro ou boi.

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