Opinião

Parceria de arte – Totonho Laprovitera

Pintar é a arte de desenhar a vida.

Eu sempre digo e repito: Deus é Pai e a Arte Mãe! Assim, tornamo-nos irmãos e, em ação de solidariedade, praticamos o bem. E quando me perguntam para que arte, eu falo: Se o mundo existisse em harmonia, se a natureza causasse o equilíbrio entre as pessoas, talvez, não necessitássemos de arte para viver. 

Aí, lembro de Glauber Rocha dizendo “a arte é invenção, é o inconsciente do artista, o sonho, o imprevisto, a forma nova. A arte não é só talento, mas, sobretudo coragem”. 

Costumo dizer, nasci artista e tenho feito arte desde criança. Comecei cedo a participar do mundo das exposições, mas demorei a me profissionalizar. Aprendi com o mestre Aldemir a vender para pintar, nunca pintar pra vender. Creio que essa filosofia tenha contribuído na qualidade do meu trabalho e assim, até hoje, ainda sinto a emoção fervilhar quando chega o dia de mais um vernissage. Coisa de gente teimosa, que não abre mão de fazer arte com o coração!

Pois é, eu vejo as coisas ao meu redor procurando enxergar que a vida com arte, no mínimo, pode contribuir para um mundo mais bonito. Afora acreditar em um povo, acredito em uma civilização, daí busco pensar o agora mirando além do meu tempo. Como registro isso em meus trabalhos? Ora, eu respondo com o fechamento de um texto que escrevi para uma exposição: Na minha pintura, a simples receita; na paleta da vida, misturo arte com amor! 

Falando em arte, a história a seguir aconteceu em 1994, assim que eu e Elusa havíamos chegado de viagem à Europa. Naquela ocasião fomos convidados pelos amigos Cristina e Chiquinho, e Celina e Airton, para jantarmos no sossegado restaurante Chalé Suíça, aqui em Fortaleza. Navegando na diversificada cozinha suíça, servimo-nos também de assuntos sobre arte e cultura do Velho Mundo. 

Em um dado instante, puxei um pequeno bloco Dessin Canson (de boa gramatura) e uma lapiseira Caran d’Ache (com grafite 6B) para ilustrar as nossas histórias. Aí, Airton me pediu para continuar um dos meus breves desenhos e assim, naturalmente, cometemos uma artística parceria. 

Concluída a obra, assinamos e até hoje guardo o tal desenho como lembrança de preciosa e simples arte. 

Assim, eu conto a realidade da minha vida e dos meus sonhos. Na arte encontro preciosos significados existenciais. Com eles, misturo-me e vivo o sentido do meu numinoso ofício de artista. No mais, como diz minha querida amiga Aíla Sampaio, “falar com o desenho é quebrar o silêncio sem palavras”.  

Deixe uma resposta

Compartilhe

VEJA OUTRAS NOTÍCIAS