Opinião

Omar Victor Diop, o corpo negro histórico, político e transcendental – Aldonso Palácio

Combinando fotografia com outras formas de arte, o artista senegalês Omar Victor Diop utiliza autorretratos como um meio de destacar a história negra frequentemente ignorada por uma sociedade eurocêntrica. Ele retrata a complexidade da política representacional com visuais dramáticos, coloridos e reveladores que exigem a atenção do espectador. Ao se colocar como o protagonista principal dessas obras, Diop pede ao público que imagine uma representação mais justa e precisa de nossa história global compartilhada. 

O trabalho de Diop partiu da fotografia de moda e de publicidade, e desenvolveu com o tempo para o seu estilo de autorretratos em série, continuando a tradição dos estúdios fotográficos africanos.

Destaca-se um dos mais recentes projetos de Diop, Allegoria (2021), que aborda de forma imaginativa a crise climática e seu impacto no Sul Global e no continente africano. Nessa série de imagens vibrantes, metafóricas e paradisíacas, Diop é retratado imerso em uma iconografia intrincada de fauna e flora, meticulosamente elaborada a partir de referências da pintura clássica, iconografia religiosa, estúdios de fotografia popular da África Ocidental, bem como manuais de ciência e enciclopédias. Aqui, o artista reflete sobre o destino da humanidade diante de desastres naturais e declínios ambientais, questionando como podemos, juntos, garantir futuros mais sustentáveis, habitáveis e responsáveis em coexistência. A alegoria explorada é a própria natureza, ameaçada de se tornar apenas uma lembrança ou uma série de ilustrações residuais em livros do passado, reduzida a meras representações.

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