Opinião

O Quilombismo, uma forma de resistência do Brasil para o mundo – Aldonso Palácio

Os ecos da Documenta 15 já podem ser ouvidos na Haus der Kulturen der Welt (HKW) em Berlim. Após longa pausa, ela reabriu com a exposição e mostra cujo nome já diz muito: “O Quilombismo – De resistência e insistência. Da fuga como ataque. De filosofias políticas democrático-igualitárias alternativas”. O novo diretor da instituição e co-curador da mostra, o camaronense-alemão Bonaventure Ndikung, pretende tornar a HKW uma “casa de convívio, organizada coletivamente e pluriversal”. Um dos pontos de partida é a filosofia do Quilombismo, de autoria do artista plástico, intelectual e político brasileiro Abdias Nascimento (1914-2011).

“O quilombismo é uma luta anti-imperialista, articulada em solidariedade com o pan-africanismo, e declara sua solidariedade radical com todos os povos do mundo que são afetados pela exploração, opressão e pobreza, ou que enfrentam discriminação com base em raça, cor, religião ou ideologia”. (Abdias Nascimento)

São pouco mais de 70 artistas do Sul Global que fazem uma uma exposição brilhante, que deliberadamente ignoram o cânone eurocêntrico e, com seus vídeos, trabalhos têxteis, pinturas, esculturas, instalações e performances, permitem que ganhe voz uma estética que está longe de ser negociada em pé de igualdade no nosso sistema operacional de arte. A exposição relacionada é uma reunião de linguagens e práticas que estimulam o legado de solidariedade e luta do quilombismo como cultura viva. 

Uma quantidade considerável de brasileiros está presente na exposição, como Moisés Patrício, Alberto Pitta, Rubem Valentim, Maria Auxiliadora e o próprio Abdias Nascimento. Ao visitar o HKW nestes dias de abertura a sensação é que visitamos um organismo vivo, sentimos novo vigor, uma vibração sísmica nas estruturas da arte. 

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