Opinião

Desde 2014, Lusanga, uma plantação de óleo de palma na República Democrática do Congo, tem sido o cenário de um novo ecossistema emergente. Antigos trabalhadores assalariados fundaram a Liga Congolesa de Arte dos Trabalhadores em Plantações (CATPC) para recuperar sua cultura, sua terra e sua autoestima. Eles construíram uma prática artística e econômica sustentável que desafia a expropriação colonial e a violência.

A Galeria KOW em Berlim lançou recentemente a exposição “Balot”, que trata sobre mais um capítulo da longa parceria artística entre o holandês Renzo Martens e o coletivo congolês. A mostra é constituída de vídeos que mostram o processo de renovação da tradição escultórica da comunidade de Lusanga, com a assistência de Martens, sucedindo em fincar o pé no circuito de arte internacional e consequentemente comprar as terras que lhes pertenciam e fundar uma estrutura agrária autônoma e sustentável.

O coletivo de Lusanga busca reaver uma artefato importante que sua comunidade perdeu há décadas. Um documentário em 6 partes conta a história de “Balot”, uma escultura feita em 1931 em um esforço para “controlar o espírito” do oficial belga Maximilien Balot, que foi decapitado em um ato de rebelião após cometer estupros e outras atrocidades. Todas as tentativas de pedido de devolução do patrimônio cultural que se encontra no Museu de Belas Artes da Virginia em Richmond (EUA) foram em vão.

11 de fevereiro de 2022, no dia da abertura da exposição, os artistas em conjunto com a galeria cunharam um NFT de uma renderização digital da escultura como forma de restituição digital. Mais uma vez a figura “exorcizada” de Balot pode lhes servir um propósito, desta vez ancorada na blockchain. A série de NFTs lhes permitirá comprar de volta terras que foram roubadas e despojadas, e fornecer apoio financeiro para a reconstrução das comunidades. O valor da NFT de 0,1 ethereum é suficiente para comprar um hectare de terra em Lusanga.

Mais informações:

www.kow-berlin.com