Opinião

Luzia Simons lança um olhar barroco sobre a natureza – Aldonso Palácio

Luzia Simons é uma pioneira na técnica do escanograma, uma técnica peculiar de fotografia que utiliza scanners de alta resolução cujo resultado é quase ilusionista, como uma encenação em um palco. O que toca a luz é vívido, o que está atrás desaparece paulatinamente na escuridão. Suas flores e motivos naturais formam volumes opulentos e ultrajantes, mas às vezes mesclados com a perecibilidade inerente ao tempo do trabalho com flores. Um jogo de vida e morte, vanitas e memento mori. Em formatos monumentais as fotografias invertem o jogo de observação das flores – nos tornamos pequenos e compreendemos cada detalhe com aumentada precisão e atenção. O diálogo com o efeito artístico do trompe-l’oeil, especificamente da pintura de natureza morta do barroco flamenco do século 17, é explícito. A origem e história econômica da tulipa representam uma transferência simbólica de cultura e relações de poder – uma referência autobiográfica da nômade artista, em constante jornada por suas raízes. Nascida em Quixadá, a artista percorreu São Paulo, Rio de Janeiro, Paris e o território francês a largo, Stuttgart e finalmente Berlim, onde vive e trabalha atualmente.

Durante os primeiros meses pandêmicos Luzia Simons aprofundou-se ainda mais na estética barroca e produziu imagens excepcionais que serão mostradas pela primeira vez em projeto solo na feira Photo Basel/Berlin, pela galeria zuriquense Fabian & Claude Walter. A feira será uma das primeiras feiras de arte presenciais a se realizar em solo europeu após longa temporada de cancelamentos e mostras digitais. Um respiro de liberdade à vista.

Mais:

www.photo-basel.com/berlin

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