Opinião

Lúcia Koch, arquiteturas inventadas – Aldonso Palácio

Berlin Gallery Weekend, três dias em que os habitantes saem farejando arte ao redor da cidade, em busca de novidades e da labiríntica agitação de uma meia centena de aberturas em galerias, tudo regado a vinho branco grátis. Resolvi prestigiar o Brasil e escolhi a exposição de Lúcia Koch, a primeira individual da artista na galeria Carlier Gebauer. Demorei apreciando sua série “Fundos”, a qual a artista Lucia Koch vem desenvolvendo desde 2001. Nesta série fotográfica ela explora as características arquitetônicas de objetos cotidianos. A artista fotografa interiores de caixas de papelão utilizadas para embalar alimentos, bebidas e outros itens.

As imagens apresentadas eram impressas em grandes dimensões e estavam dispostas no espaço expositivo como se fossem extensões virtuais do mesmo. A transformação pela escala e o ângulo em perspectiva criam o efeito de um lugar inventado, cujos furos e aberturas das embalagens reforçam a ilusão arquitetônica. A série “Fundos” sintetiza métodos e questões estruturantes da prática de Koch, alicerçada na relação entre arte e arquitetura e na utilização de objetos banais para criar efeitos e espaços, virtuais ou reais, capazes de renovar nosso olhar sobre essas diferentes espacialidades, levando-nos a ampliar o modo como percebemos o ambiente. 

Lúcia Koch nasceu em 1966 em Porto Alegre, vive e trabalha em São Paulo. Seu trabalho foi apresentado em várias exposições individuais, recentemente no Palais de Iena em Paris (2022), no Museu de Arte Contemporânea MAC-USP (2021), no Instituto Inhotim (2021) e na Casa de Vidro de Lina Bo Bardi (2019).

Fontes: Galeria Nara Roesler e Galeria Carlier Gebauer.

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