Opinião

Johannes Nagel: os vazios que os vasos preenchem – Aldonso Palácio

Estou neste momento empenhado com o lançamento da exposição do artista ceramista Johannes Nagel em sua galeria em Berlim, na qual atuo como curador. A cerâmica e as outras artes aplicadas, também chamadas de contemporary crafts, têm um circuito bem definido e especializado na Europa formado por galerias, literatura, crítica, feiras, museus e prêmios. 

Trata-se de um artista que explora as muitas maneiras possíveis de produzir um recipiente cerâmico. Através de seu trabalho, ele desconstrói tanto o significado histórico quanto o contemporâneo do termo “vaso”. 

Ao invés de se fecharem sobre si mesmos, os vasos de Nagel parecem, às vezes, abertos, incompletos, cheios de buracos onde o interior compete com o exterior e o complementa – juntos eles resistem à própria idéia de “conter”. 

As lacunas na superfície são uma característica marcante das peças produzidas pela porcelana que desliza em cavidades na areia que são formadas pelas próprias mãos do artista. A forma se dá onde a porcelana encontra as bordas arenosas – cada recipiente único, e os moldes são úteis para um único uso. Nagel constrói vasos que se formam no vazio. Um vaso não mais contém apenas um espaço vazio – ele o preenche e a evidência deste ato é deixada marcada em sua superfície. 

Trata-se de uma técnica inventada por ele e que introduz uma camada adicional de imprevisto e gestualidade em um processo já sujeito ao alto nível de indeterminação envolvido na esmaltação e na queima. 

Recentemente, Nagel recebeu o Prêmio Westerwald Keramikmuseum 2019, um dos mais altos prêmios de cerâmica da Europa.

Será sua quarta exposição individual em Berlim, marcada para abrir no dia 6 de junho de 2020 na Galeria Brutto Gusto. Saiba mais em www.bruttogusto.berlin, Instagram @brutto_gusto.

Johannes Nagel nasceu em 1979 em Jena, Alemanha. Seu trabalho é mostrado e colecionado internacionalmente e está em coleções que incluem o Victoria and Albert Museum (Londres), The Ariana (Genebra), e o Keramion (Colônia). É representado por galerias em Berlim (Brutto Gusto), Genebra (Taste Contemporary), Londres (FUMI), Milão (Officine Safi) e Nova York (Jason Jacques). 

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