Opinião

Me deparei algumas vezes com o comentário de que o artista da nossa terra, para ser considerado exitoso, tem que sair do Ceará. Trata-se de uma crença comum que estigmatiza o artista à condição de retirante, senão estaria fadado a alcunha de “artista local”. Ora, se é verdade que o circuito das artes tende a se convergir e concentrar nas grandes cidades e centros econômicos, também é vero que o destino traçado por nomes do passado não é necessariamente mais a resposta pros artistas de hoje. A Norte Bienal de Arte é uma projeto que serve para descentralizar o olho dominante de Fortaleza e servir de oásis no deserto de oportunidades de exibição para o artista plástico no interior do Ceará. Um importante passo para a desconstrução do paradigma de um circuito de arte como um grande funil para se tornar uma rede interligada de circuitos, com vários pontos de contato e forças regionais. Assim o termo “local” ganha força de nova constelação.

É necessário reconhecer o trabalho que a Norte Bienal de Arte faz para catalogar, fortalecer e dar visibilidade à produção de artes plásticas feita em todo o território do Ceará. É um mapeamento iniciado por Ed Ferrera que vem se desenvolvendo desde 2009 e pretende contemplar todos os 184 municípios interioranos através de leitura de portfólios e visitas em ateliês. Desde 2014 o evento bienal manteve-se constante e em crescimento. A exposição que coroa esta quarta edição mostra a produção de 44 artistas convidados que vivem e trabalham em 40 diferentes localidades do estado. Este ano, para a nossa sorte, ela se apresenta em versão virtual. Nas edições anteriores a Bienal ocupou diferentes espaços públicos expositivos na cidade de Sobral.

A mostra intitulada Interior a dentro, com curadoria de Emmanuele Toletino, é um álbum repleto de novas descobertas, uma profusão artística outrora desconhecida para apreciar sem preconceito.

Veja a exposição Interior a dentro até o dia 30/12 em:

www.norteproducaocultural.com.br