Colunista

Fortaleza, o PT e a pobreza – por Erivaldo Carvalho

Fortaleza é uma metrópole anômala / Arquivo

Para surpresa de ninguém, o PT ensaia o discurso de que Fortaleza é uma das cidades mais desiguais do Brasil.

A base do argumento petista é o fato de a Capital do Ceará deter, no País, o terceiro maior cadastro no Bolsa Família.

O objetivo do partido é claro: subsidiar a narrativa de que a gestão municipal atua em prol dos ricos da Cidade, em detrimento das periferias.

Este será, certamente, um dos pontos que a sigla pretende explorar para tentar desgastar o prefeito e pré-candidato à reeleição, José Sarto (PDT).

Debate equivocado
O debate não deveria ser esse. Não ajuda o uso da pobreza como plateia para tentar angariar votos.

O lulopetismo tem méritos, ao pilotar os bilionários programas de distribuição de renda Brasil afora.

O Ceará tem uma gestão estadual petista sensível e dedicada a atacar a fome e outras chagas sociais.

Há, inclusive, quem teorize que ao PT não interessa reduzir o problema.

Essa é uma tese ruim – além de apelativa. Discordamos.

O PT, porém, deveria ampliar a visão e estudar por que não conseguiu reduzir a abissal desigualdade socioeconômica do País – inclusive, no Ceará e em Fortaleza.

O partido está com mais de 15 anos, dos últimos 20, gerenciando o governo federal, para onde vão mais de 60% de tudo que é arrecadado no País.

Metrópole anômala
O Nordeste é a região mais pobre do Brasil e o Ceará, um dos estados mais necessitados.

Nesse sentido, Fortaleza é uma metrópole anômala, em termos socioeconômicos e de distribuição de riquezas.

Tem cheiro de desonestidade esperar que Fortaleza seja uma cidade igualitária, em um estado e região pobres – em um país rico, mas desigual.

O Nordeste, reduto eleitoral do PT, precisa de um projeto de desenvolvimento regional.

O Ceará, no décimo ano de governos do PT, tenta furar o bloqueio. Não é fácil.

É desse ponto de vista que Fortaleza deveria entrar na discussão sobre o enfrentamento a desigualdades.

Não é um bom começo levantar um debate eleitoral a partir de premissas que não se mantêm em pé.

 

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