Opinião

Fome – Totonho Laprovitera

“Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome.” (Caetano Veloso)

Se tem uma coisa que mexe comigo é ver alguém passando fome. Cruel, a fome é um mal que causa um bocado de mazelas aos viventes. Morrer de fome, então, é inaceitável. Aí, matuto quando leio São Basílio a dizer que “pertence aquele que tem fome o pão que tu guardas”.

Sobre o mote, pão com ovo é a escolha certa quando bate aquela fome danada e a gente não tem nada pra comer. E tudo o que você precisa para preparar a iguaria é: 1 pão d’água ou sovado; 1 ovo; manteiga, azeite ou óleo comum; e sal. 

Para preparar, aqueça a caçarola e tome cuidado para não queimar os dedos. Adicione um pouco de manteiga, azeite ou óleo comum, e frite o ovo até o ponto desejado, ou seja, com a gema mole ou dura. Tempere com sal a gosto. Se quiser estrelado, tenha cuidado para não estourar a gema. Se quiser mexido, é só misturar a clara com a gema. Ah, coma ainda quente. 

Mas para alegrar o rumo da prosa… 

Na Rodoferroviária, em Brasília, Zé Lírio recebeu o Isquinha, amigo de infância chegante de Sobral. Trajando uma surrada camisa da última campanha política do Zé Prado e arrastando uma havaiana da tira atravessada com um grampo de cabelo, que riscava o chão, foi logo dizendo: 

Zé, tô mortim de fome.

Amigo, então vou lhe levar num dos melhores restaurantes daqui.

E o que é que tem pra gente comer lá? 

Massa aos frutos do mar!

Pra lá, Zé, de pão e banana d’água eu tô é cheio! 

Menino ainda, Quintino Cunha foi convidado a passar uns dias das suas férias na casa de dois coleguinhas de colégio. Lá chegando, não encontrou os colegas que haviam viajado para outro destino, sem deixar recado. As tias idosas dos meninos, donas da casa, convidaram-no a ficar e aguardar a chegada dos seus sobrinhos. Quintino não se fez de rogado e ficou, aceitando o convite. 

À noite não lhe ofereceram jantar e nem café, ou almoço no dia seguinte. Ele matou a fome com as fruteiras do quintal. Decidiu ir embora dali e o fez, deixando um bilhete sobre a mesa: 

“Adeus casinha da fome,  

Nunca mais me verás tu 

Criei ferrugem nos dentes 

E teia de aranha no…” 

Pra terminar, como proferiu o ilustrado Asclepíades Juremal, do alto de sua sinagoga, “se Spa é um lugar onde se passa fome, então, eu moro num!” 

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