Opinião

Filósofo da Meruoca – Totonho Laprovitera

A Kico Figueiredo.

“Só é útil o conhecimento que nos torna melhores.” (Sócrates)

Olha, uma das melhores galinhas à cabidela era, sem dúvida alguma, a que eu costumava comer na bodega do João Raul, na aprazível Serra da Meruoca.

Pois bem. Certa vez, lá eu estava com o amigo Luiz traçando uma daquelas penosas, quando avistamos bastando ao balcão da casa o célebre filósofo daquele pedaço de chão: Toim da Meruoca!

Trajando a sua habitual e alva indumentária de pensador sertanejo, acudia-se do sol com o seu boné de sotaque inglês e graúdos óculos de carregadas lentes escuras. Pitando um palha, pediu uma lapada de cana, ofereceu ao santo e de uma golada só entornou, sem deixar sobejo. Tira-gosto, mão nos beiços.

Aí, convidado para se abancar à nossa mesa, ele aceitou e tacou a palestrar:

Conversa vai, conversa vem, indagamos sobre as riquezas de um povo.

O sossego reinou, o “horário” buzinou e o filósofo Toim da Meruoca se despediu: – “Dão licença, doutores, vou pegar essa jipada, pois mais na frente, bem ali no São Braz, ainda terei uma prosa na bodega do Antoim Baxim.”

E assim, matutando, rebolou a pressa no mato, achou graça do nada e, em ritmo de forró, assoviando “Tocata e Fuga em Ré Menor” de Bach em bar, arribou ao seu destino.

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