Opinião

Exposição evoca a vulnerabilidade da natureza e do humano – Aldonso Palácio

Luzia Simons, vista da instalação Rohkunstbau 26. “Correspondances”, 2021, cerâmica, instalação com 72 elementos, realização em colaboração com Mario Brandão, dimensões variáveis. “Stockage 191”, 2021, 1/5 + 1 PA, impressão lightjet/Diasec sobre Dibond, 140 x 220 cm. © Luzia Simons, VG Bildkunst Bonn, 2021

Até algumas semanas atrás ainda estávamos em uma espécie de desaceleração forçada, mas lentamente as atividades e experiências familiares de antes da pandemia estão voltando aqui na Alemanha. Nesse contexto, as exposições de arte renascem neste verão numerosas e com força total. 

Uma viagem de carro de pouco menos de duas horas nos levou até o Castelo de Lieberose onde era inaugurada a 26a. edição da Rohkunstbau – reputada mostra de arte contemporânea internacional que acontece anualmente em Brandemburgo. 22 artistas se dedicam a conexões mais profundas entre natureza e sociedade e seus riscos sociais e ecológicos, que são desencadeados pelo homem devido ao avanço da industrialização. A exposição é uma sucessão de ameaças apocalípticas e sinais de esperança. Dentre eles Yoko Ono, Gilbert e George, Laure Provost, Philippe Parreno, Daniel Steegman Mangrané e Luzia Simons. 

Ao entrar no castelo, escadas rangendo e fachadas desmoronadas esperam o visitante. Os artistas utilizam de espaços incomuns para encenar suas obras. Em uma sala com tetos decorativos barrocos e um arco redondo intrinsecamente ornamentado, a artista Luzia Simons, única brasileira da mostra, apresenta “Correspondências” (2021), uma natureza morta de flores pendurada na parede de um castelo em ruínas. Em frente ao quadro, ela coloca 72 elementos de porcelana no mesmo estilo do teto. Pode-se imaginar que as peças caíram do teto – um diálogo com a arquitetura em decadência.

Ninguém ainda pode dizer se este relaxamento vai durar, e esta sensação de incerteza também se reflete na arte e na experiência como um todo.

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