Opinião

El Don Carrillo – Totonho Laprovitera

Na Fortaleza dos anos 1980, o Cassino Clube Guerrier era lugar de se jogar e apostar, com fartura de comida e bebida em abastança. A casa era espaçosa e decorada com enormes quadros, com motivos indígenas. Em salas, bem espalhadas, duas mesas de bacará, três de roleta, duas de pôquer, duas de blackjack, além de máquinas de videopôquer. De quebra, ainda tinha a boate Quatre Saisons, onde depois da jogatina os afoitos continuavam à sorte das madrugadas. 

Muitas histórias se passaram no Cassino Guerrier, mas uma bem interessante foi a do reencontro de Don Carrillo com um empresário gaúcho que principiava investimentos no Ceará. Sobre o episódio, conta Cândido que o empresário estava lá com um grupo do Rio Grande do Sul, quando naquela noite deu de cara com seu conterrâneo Caveira, apoucado, de cabelo estirado na brilhantina, acompanhado de uma belíssima mulher, fazendo graça e falando: – “Alê, meu amigo, é uma honra lhe cumprimentar…” E Alessandro deu valor ao puxa-saquismo.  

Animados, eles tacaram a jogar bacará, 7 e meio, e depois foram à roleta. Extremamente excitado, Caveira até distribuiu dinheiro com as meninas do cassino, simulando ser igual ou mais rico do que Alessandro. Aí, chegou a hora de prestar conta: Alessandro perdeu 18 e Caveira 12 mil dinheiros. Alessandro deu seu cheque para o Caveira pagar no caixa. Ele, simplesmente, enfiou no bolso e deu um dele de 30 mil, somando os seus 12 com os 18 do Alessandro. 

Passado uns dias, o dono do cassino, telefonou para o Cândido:  

Aí, Cândido ligou para Alessandro, que, ao tomar ciência do ocorrido, gargalhou e pediu para saber quanto queriam pelo tal cheque. Flávio falou para Alessandro cobrir somente a parte dele, que assim estaria bom demais. Então, Alessandro enviou os 18 mil e, assim, Don Carrillo seguiu lépido e fagueiro em suas peripécias. 

Logo depois, curiosamente, por incrível que possa parecer, Alessandro contratou Don Carrillo como seu representante comercial do Nordeste, no escritório de Recife.

É, como articulou Aristóteles, “a riqueza é muito mais desfrutar do que possuir”.

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