Opinião

Editorial: passaporte de vacinação: uma batalha a mais

O Brasil não pode se transformar num paraíso para turistas não vacinados / Divulgação

A recente descoberta da ômicron, variante do novo coronavírus causador da covid-19, levou o Brasil a adotar novas regras para entrada de viajantes em território nacional. Possivelmente mais contagiosa, a modalidade do organismo foi identificada em vários países, inclusive no Brasil.

Os protocolos incluem teste negativo e comprovante de vacinação pelo menos 14 dias antes da entrada. Caso contrário, o passageiro terá de cumprir quarentena de cinco dias na cidade de desembarque. As normas abrangem brasileiros e estrangeiros.

Publicado na última quinta-feira (9), no Diário Oficial da União (DOU), o protocolo deveria entrar em vigor neste sábado (11). Ataques hackers ao sistema do Ministério da Saúde, entretanto, levaram ao adiamento por uma semana, passando a valer a partir do dia 18.

Se o passageiro chegar por via aérea, o exame deve ser feito até 72 horas antes do embarque, no caso do tipo RT-PCR, ou 24 horas, se for teste de antígeno. O esquema vacinal deve estar completo.

Já por via terrestre, os viajantes deverão apresentar ou comprovante de vacinação ou um resultado negativo de teste. Fica dispensada, portanto, a apresentação dos dois, conjuntamente.

Mas, como vem acontecendo em praticamente todos os desdobramentos do enfrentamento à pandemia, as regras de entrada no País suscitaram mais uma queda de braço entre o Palácio do Planalto e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O ponto principal foi a não inclusão, defendida pela agência, do passaporte sanitário para o ingresso no País. A exigência foi negada pelo governo.

Epidemiologistas argumentam que da forma como ficou definido, o regramento permite a entrada de pessoas não imunizadas. Os mais críticos acusam o Governo Federal de, a rigor, querer transformar o Brasil numa espécie de paraíso para turistas não vacinados.

Não surpreende, haja vista o comportamento, inclusive verbal, do presidente da República, mesmo com mais de 600 mil brasileiros mortos. Porém, apesar do boicote do mandatário da nação, estamos, felizmente, conseguindo fazer esta difícil travessia.

Uma guerra é feita de várias batalhas. Na pandemia, muitas já foram vencidas. A resistência do governo ao passaporte de vacinação para quem chega ao Brasil é somente mais uma delas.

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