Após abordar o elemento fogo, na série Poema 193, agora Diego de Santos (1984) reflete sobre as forças destrutivas e transformadoras do vento. Durante os meses de agosto e setembro, no Ceará, a dinâmica eólica chega ao ápice com rajadas de mais de 60 km/h. Da geração de energia aos esportes náuticos, a tecnologia vem possibilitando que o vento seja aproveitado como matéria prima para o desenvolvimento econômico, social e cultural, impulsionando o Ceará para o mundo. Nesse cenário a produção imobiliária só aumenta, tanto na capital como na região metropolitana. Em Caucaia um exagero de propagandas de lotes de terra à venda em faixas de ráfia é recorrente na paisagem urbana. Só que em pouco tempo, às vezes em questão de horas, o vento forte as destrói. Elas são substituídas. O vento torna a destruir em um ciclo infindável. Nas suas andanças diárias, Diego de Santos recolhe as faixas (ou o que sobraram delas) para o seu recente projeto, cuja ideia é pensar o vento do Ceará como personagem temperamental, profundamente poético, intensamente político.
Diego de Santos continua fiel a sua prática artística de observação que parte do andar a pé ou de bicicleta, longas distâncias sob sol escaldante, e também continua a desenvolver seu pensamento poético sobre as questões que envolvem as questões de moradia e a especulação imobiliária – principalmente àquela que avança sobre as praias caucaienses.
Após recolhidas na rua, as finas fitas são coladas lado a lado sobre sacos de ráfia, de modo que os pontos de cores criam uma trama que se assemelha a uma espécie de tapeçaria. As obras possuem não só um processo sólido de pesquisa, mas o resultado é incrivelmente belo. A obra do artista é representada em Fortaleza pela Galeria Ópera e no Rio de Janeiro pela C.Galeria.
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