Opinião

Desenvolvimento: pelo estado ou mercado?

Por
Fran Bezerra

A grande questão que a Ciência Econômica tenta responder desde seus primórdios é se a economia de um país ou região é capaz de se desenvolver de forma autônoma ou se há necessidade de um ente externo que oriente e estimule o processo de desenvolvimento?

Há defensores de ambas as teses. Os liberais advogam pelo mercado. Se houver liberdade, promoverá a alocação ótima dos fatores de produção, gerando desenvolvimento. Os desenvolvimentistas defendem intervenção do Estado na Economia, para evitar ou mitigar falhas de mercado, cuja tendência é promover concentração de renda e riqueza, formação de oligopólios e cada mais frequentes flutuações na economia.

Essas oscilações, os ciclos econômicos, costumavam ter sua origem e amplitude no lado real da economia, responsável pela produção e circulação de bens e prestação de serviços não financeiros. Hoje em dia, porém, com a crescente desregulamentação da atividade financeira e com a captura, por esse setor, da prerrogativa de impor as políticas econômicas dos países, as crises cada vez mais são paridas e potencializadas no mercado financeiro, depois contaminando o resto da economia.

Além da desregulamentação, outros dogmas do liberalismo, como a minimização da participação do Estado na economia e a sua abertura aos outros países, funcionam de forma diversa, a depender do estágio de desenvolvimento de cada país.

Os que atingiram nível de renda alta, pelo critério do Banco Mundial, utilizaram para tanto fortes mecanismos de intervenção do Estado na economia. Desde então passaram a defender, juntamente com organismos internacionais, a adoção de agendas liberais.

No entanto, o cenário mudou a partir da crise de 2008 e, mais fortemente, após a pandemia de covid-19. Como reflexo da performance do modelo chinês de desenvolvimento, nações como EUA têm feito intervenções na economia.

Países de renda média, como o Brasil, deveriam estar fazendo o mesmo. Mas aqui o debate econômico está defasado e estamos ampliando a agenda liberal, revista no resto do mundo.

Em resposta ao nosso tema, a realidade tem demonstrado que nem mercado nem Estado, sozinhos, promovem desenvolvimento. É necessária ampla sinergia das ações de ambos.

Fran Bezerra é conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE)

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