A Banda Mel.
“O vinho alegra o coração do homem.” (Salmos, 105, 15)
Em uma mesa de bar, escutei: – “Existem escritores que escrevem para outros escritores e existem escritores que escrevem para leitores.” Como já era tarde da noite e eu já me avexava a voltar pra casa, mudo, matutei que o escritor deve ser, antes de tudo, um leitor.
Aí, Benedito entrou no recinto, pediu uma lapada de cachaça, e antes do primeiro gole, derramou um pouco no chão e como quem reza, disse: – “Essa é pro santo!”
Bebida a “gramática”, tacou a palestrar com os fiéis parceiros de copo e de cruz. Floreando, discorreu foi muito acerca de São Martinho, o padroeiro dos bêbados. Quebrando a goela, benzeu-se e lavou as oferendas: – “Santo de bêbado é forte!”
Então, com aquele ar de disfarçada sobriedade, Onofre – que bebia moderadamente, mesmo abusando da quantidade – intrometeu-se na história:
Aí, Osmilton, que havia acabado de chegar de viagem de férias, telefonou para a sua apaixonada namorada, mas quem atendeu foi a sogra, que não gostava nem um pouco dele.
Enquanto isso, Nanani levantou um brinde: – “Cachorro que morde bode, muié que erra uma vez e home que bebe cachaça, não tem cura pros três… Atravessei um rio a nado, debaixo de um caçuá, o home que morre por muié… tá é doido!”
Já, na mesa ao lado, depois de se fartar de comida e bebida, o Louro reclamou ao garçom: – “Rapaz, o que foi que eu quebrei aqui, pra conta dar 80 conto?!”
No mais, é como eu sempre digo e repito, religiosamente: para quem percorre a via sacra da bendita bebedeira, o bar é um templo sagrado, onde o balcão é o altar da divina boemia de todos os santos dias.
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