Opinião

CUSCUZ PAULISTA – Totonho Laprovítera

A memória de Antonio Gato.

“O significado da vida é a mais urgente das questões.” (Albert Camus)

Moro no Mucuripe, bairro que guarda as qualidades de lugar simples e de personalidade forte. Aqui, eu bem me sinto como se estivesse na Fortaleza de antigamente, pois os bons costumes são conservados, como, por exemplo, as cadeiras na calçada para boas rodas de conversa ao entardecer.

Ao amanhecer, é comum ouvir um galo cantar, anunciando o nascer do dia. Pessoas em paz varrem suas calçadas e outras, tranquilamente, andam pelo meio da rua. Até parece cidade do interior.

As bodegas vendem fiado, os bares somente à dinheiro e as mercearias ainda trabalham com a velha caderneta. Todos se conhecem e se tratam pelo nome – muitos apelidos – dão-se “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”. Pedem “com licença” e “por favor”, respeitam-se e se ajudam.

Hoje, acordei com o costumeiro anúncio do vendedor ambulante, com aquele vozeirão de tenor alencarino, atroando repetidamente: – “Cuscuz Paulista! Cuscuz Paulista! Cuscuz Paulista!” Daí, pulei da minha velha rede e o chamei:

Avexado, desci à portaria do prédio para pegar o manjar e, enquanto ele separava os cuscuzes e eu folheava o pagamento, contando as cédulas de “couro de rato, puxei assunto:

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