Opinião

“A curva mais linda de uma mulher é o sorriso.” (Bob Marley)

Hoje, pela manhã, assim que arregalei os olhos, não sei porque, matutei sobre a razão da palavra coqueluche denotar luxo, devido a antiga prescrição médica para andar de avião, pois fazia bem para sarar a infecção respiratória que agoniava a garotada. Coisas do arco-da-velha. 

Sobre arco-da-velha, é uma expressão empregada quando se quer contar algo do tempo do bumba. É uma forma abreviada de “arco da lei velha”, alusiva ao arco-íris, criada na Bíblia Sagrada, pelo gesto de Deus em eterna aliança entre Ele e os homens. 

Arcando a conversa, o termo curva também tem vários significados na linguagem não matemática. Por exemplo, na sensualidade, uma mulher de curvas deixa qualquer marmanjo em linha reta! 

Falando em curvas e retas, de origem religiosa, o ditado popular “Deus escreve certo por linhas tortas” é usual quando o destino de alguém guarda coisas boas, apesar do caminho de sua realização parecer improvável. Sobre o assunto, professor Carlinhos aumentou a expressão: “Deus escreve certo por linhas tortas, e tem a caligrafia linda!” 

Costurando o mote, em 1852, em Boston, o norte-americano Isaac Merritt Singer foi o primeiro a produzir e comercializar uma máquina de costura de uso doméstico. Ao examinar algumas máquinas em uso, Singer resolveu substituir a agulha curva por uma reta e fazer a laçadeira mover-se em vai-e-vem, ao invés de em círculos. A grande vantagem da máquina de Singer era a de permitir costuras em qualquer sentido, além da linha reta. Pelas bandas de cá, dizem especialistas do ramo da costura, que “ô bicha pra durar é a tal da máquina Singer”! 

Aí, no interior do Ceará, em uma animada festa no alinhado CRI (Clube Recreativo Iguatu), Giovani Oliveira me apresentou a uma amiga, famosa costureira da cidade, berço dos músicos e compositores Eleazar de Carvalho e Humberto Teixeira. Interessante é que a modista, toda espilicute e sem a menor precisão, foi logo dizendo ser bem novinha. Aí, na lata, Diabo Louro revelou que ela já havia gastado na vida duas longevas máquinas Singer! 

Agora, voltando às curvas, dizem, Manuelzinho conduzia seu todo guaribado, possante e veloz Fiat 147, pela tradicional Rodovia do Algodão (CE-060), quando avistou uma placa sinalizar “curva perigosa à esquerda”. Aí, ele não contou pipocas e, por garantia, dobrou à direita!  

Depois de escapar por um triz daquele sinistro automobilístico, contam, lá estava Manuelzinho sossegado em uma quieta esquina de Fortaleza, quando um meliante passou correndo e mudou de rua, até se fazer perder de vista. Acelerado, chegou um policial e ao perguntar se alguém havia visto um homem de camisa preta dobrando aquela curva, Manuelzinho respondeu: – “Não, pá, quando cá cheguei a curva já estava dobrada!” 

No mais, como escreveu Oscar Niemeyer, “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo o homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida”.