Opinião

Começo e fim – Totonho Laprovitera

Tasso Jereissati e Totonho Laprovitera

“Cada momento é um novo começo.” (T. S. Eliot)

Se o remédio é cantar… Sabe quando bate aquela vontade de cantar uma canção que nem a letra a gente sabe de cor? Pois é, com a música, eu busco muito a alegria pra me livrar da ameaça de qualquer tipo de esmorecimento.

Agora, depois de receber um vídeo do Amaro Penna, o Peninha, eu matutei: Como diriam os boêmios parisienses de Montmartre, “Claudinha est une chanteuse des chansons les plus raffinées”, ou seja, Claudinha é um cantora das mais refinadas canções. 

Pessoal, né pra me gabar, não, mas eu dou o maior valor viver a vida com música! Como solfejava o genial Naná Vasconcelos, “daqui pra lá, de lá pra cá”.

Mas mudando de assunto, hoje começarei o causo pegando pelo final, pois tudo que se inicia pelo fim termina no começo, né não? Assim, de trás pra frente, eu contarei. 

“Pois tentarei fazer com que você mude um pouco de opinião acerca disso. Amanhã, reserve-me dois trabalhos seus que eu irei investir em sua arte!”, arrematou Tasso. 

Prego batido, ponta virada, promessa feita, promessa cumprida. No outro dia, Tasso já estava de posse de duas pinturas de galinhas, que no mês seguinte, rendeu-me outra venda, para ele presentear a um amigo em Brasília. 

Isso foi em uma festa, na qual eu comentava a respeito de uma exposição que havia realizado na Embaixada do Brasil na França, em Paris. Conversa vai, conversa vem, chegou o Tasso e pediu para eu contar alguma curiosidade sobre a tal experiência. 

Contei que uma jovem senhora parisiense veio me explicar o porquê de ter adquirido dois trabalhos meus. Ela disse que tinha uma filha de dois anos de idade e que estava grávida de uma segunda, daí ela ter investido para o futuro das suas meninas. Gostei de ter vivenciado esse acontecimento, tão repleto de alma e respeito artístico. 

Sereno, Tasso perguntou como seria aqui no Ceará, e eu respondi: – Dois amigos se encontram no dia seguinte da minha exposição. Um pergunta: – “Gostou da exposição do Totonho?” O outro responde: – “Gostei, tanto que até comprei um quadro para ajudá-lo.” 

Daí, a razão da numinosa atitude do Tasso no começo dessa história. 

É, conforme Platão, “o tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel”. Creio que o tempo não caminha em uma linha de única direção. Com arte, ele se esparge e nos oferece mil infinitos de significados e sentido à vida. Atemporal à mente, que sejamos simples na admirável missão de viver. 

E assim eu sou, um ser vivente, artista, e com a alegria que Deus me permite haver. 

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