Desde menino véi, eu sempre tenho ouvido dizer que abrir guarda-chuva dentro de casa atrai má sorte. Catando a explicação dessa crendice, não sei onde, li que na época vitoriana eram corriqueiros os ferimentos originados pelo mecanismo de abertura deles, daí a relação ao mau agouro. Simples, né?
Descomplicadas, as explicações populares são curtas e diretas. Curiosamente, sempre transmitem um conhecimento que vem de gerações, daí ninguém saber da autoria delas.
Uma vez, o bem-humorado Antonio Luiz me contou sobre o seguinte ocorrido em um programa noticiário de uma determinada emissora de televisão local. Quando a repórter indagou a um popular sobre qual a explicação dele acerca do grande calor que fazia em Fortaleza, o andante parou, coçou o quengo, franziu a testa, fez careta e disparou: – “Né mode a quentura, não, dona?”
Já em Sobral, vis-à-vis ao Café Jaibaras, ouvi um tranquilo cidadão dizer diante da enorme onda de calor que fazia: – “Daqui do Becco do Cotovelo, onde bato o ponto todo santo dia, eu não sei se a terra arribou, ou se o sol derreou.”
E na Parangaba? Ora, na Parangaba, bem na Estrada da Serrinha, temperando a voz, o calorento Luís das Pretinhas dizia: – “Aqui tá fazendo um calor ensurdecedor! Daqueles que mode a quentura, derrete a cera das zureia e entope os zovido.”
Pois é, comumente expressadas, as explicações do povo acabam virando ditados populares. Sem mais delongas, o ditado popular nordestino retrata o viver e o fazer, plantado na tradição de um povo que se pertence e é universal. Portanto, seus ditos apresentam sabedoria e conselhos ligeiros e decisivos.
Agora eu nunca entendi porque se diz “tá uma pia” quando se acha a comida muito salgada? Será que é porque a pia batismal é impregnada de sal por causa das cerimônias de batizado?
Seguindo o rumo deste papo, também são exemplos das superstições mais populares no Brasil: – Toda sexta-feira 13 é perigosa de acontecer coisas ruins; – Comer manga com leite faz mal pra saúde; – Jogar ovo no telhado para Santa Clara faz parar de chover.
Como de médico, poeta e louco, todo mundo tem um pouco, e cada doido com sua mania, preste atenção: pois nem tudo o que reluz é ouro, nem tudo o que balança cai; pra baixo, todo santo ajuda; para bom entendedor meia palavra basta; e por aí vai…
Ah, sim, não deva a rico, nem prometa a pobre!
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