Opinião

Cláudio Pereira – Totonho Laprovitera

A Martine Kunz

Se autoridade fosse, coisa que não pretendo, eu mandaria edificar no calçadão da Avenida Beira Mar uma estátua do Cláudio Pereira, daquelas de bronze e no modelo dessa foto, em homenagem à cultura de Fortaleza!

Pois é, pra quem não sabe, Cláudio Roberto de Abreu Pereira (1945-2010) não é apenas uma página do precioso livro do nosso patrimônio histórico cultural imaterial. É um primoroso capítulo! Como disse o professor Gilmar de Carvalho, “O grande legado do Cláudio foi a agitação, condição que ele levou às últimas consequências de estimular as pessoas e fazer com que elas criassem e interferissem no marasmo da cidade. Desde o final dos anos 80, esteve presente em quase todos os movimentos culturais…”

Cláudio Pereira promoveu, incentivou e viveu a cultura fortalezense em seus mais diversos aspectos, razão pela qual é identificado como um grande agitador cultural!

Ocorridas nos derradeiros anos da década de 1960 e organizadas pelo inesquecível, querido e onipresente Pereira, as Caravanas Culturais são memoráveis. A partir de Fortaleza, viajaram o sertão cearense, a Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile, em pródiga revolução de reunir artistas, intelectuais, adeptos do teatro, música e humor, em caminhos de diversos sonhos.

Bolados por Pereira, dois eventos marcaram a inteligência criativa da boemia de Fortaleza: “A Queda da Bastilha” – alusiva à Revolução Francesa – em que se elegia uma moça para ser derrubada por rasteira de um comparte, que bancava o povo; e o da “Garota Cultural”, que elegeu encantadoras musas e até um prodígio poeta.

Cláudio Pereira foi: Presidente da Casa de Amizade Brasil-Cuba; da Fundação de Cultura de Fortaleza nas administrações Maria Luiza, Ciro Gomes, Juraci Magalhães e Antonio Cambraia; membro da Sociedade Cearense dos Poetas Vivos; da Associação 64/68 Anistia Ceará; da Academia Fortalezense de Letras; e Diretor de Marketing e Relações Públicas do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Apresentado pelo meu irmão Gera, conheci Pereira em meados dos anos 1970, já em sua “cadeira voadora”. Ele sempre acreditou, incentivou e me ajudou em minhas ideações artísticas. Como arquiteto, na metade dos anos 1980, quando da mudança dele da Beira Mar, eu tive a oportunidade de projetar a casa dele, adaptada para portadores com necessidades especiais, no Morro do Castelo Encantado, em Fortaleza.

Para mim e para muitos, Cláudio Pereira sempre viverá!

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